O presidente do Conselho Deliberativo do Inter, Sérgio Juchem, confirmou para o dia 24 a reunião que votará a denúncia da Comissão Especial sobre as irregularidades cometidas na Gestão Piffero. Outra decisão tomada por Juchem é de que o voto será nominal, atendendo a uma requisição feita pelo movimento Inove. Outra solicitação feita pelo Inove, de transmissão ao vivo para os sócios, não foi acolhida pela Mesa do Conselho.
Falta definir apenas a forma como se dará a votação. Uma das possibilidades é de que os conselheiros usem uma cédula com sua identificação. Depois de finalizada a reunião, todos os votos seriam publicados no site oficial do clube. A dificuldade de fazer uma votação oral, com o conselheiro se identificando, se dá pelo fato que serão votados seis fatos diferentes apontados na denúncia produzida pela Comissão Especial. Todos eles configuram gestão temerária ou irregular, conforme previsto na Lei do Profut. Em pelo menos dois deles, o ex-presidente Vitorio Piffero, o ex-vice de finanças, Pedro Affatato, e o ex-vice de patrimônio, Emídio Ferreira, são enquadrados por gestão temerária.
Nesses dois fatos, foram apontados os 147 adiantamentos feitos na boca do caixa entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2016, que somaram cerca de R$ 10 milhões, e também a contratação de cinco empresas interligadas e que participaram, conforme a denúncia, "de uma verdadeira organização, responsável por um grande esquema de fornecimento de Notas Fiscais frias, ideologicamente falsas, com descrições genéricas e numerações sequenciais ou muito próximas, através das quais se justificavam saques em dinheiro no Caixa da Tesouraria do Clube."
Em outros fatos, dirigentes são responsabilizados de forma isolada, como no que investigou o serviço de fornecimento e instalação de guarda-corpos no Beira-Rio, prestados pela empresa da família de Affatato. O vice de administração Alexandre Limeira é apontado em um único fato, por gastos excessivos com cartão corporativo do clube em restaurantes badalados da Capital. Em dois anos, foram levantados mais de R$ 80 mil em pagamentos de contas de refeições.
Pela primeira vez na história do Inter, o Conselho Deliberativo ganhará ares de tribunal e julgará denúncias desse vulto. Pelo novo regulamento geral do clube, aprovado para se adequar ao Profut, é concedido esse poder ao órgão.
— Será uma decisão histórica no futebol brasileiro, e entendemos que o clube já estará demais exposto por isso. Essa é a razão pela qual decidimos não transmitir a sessão — explicou Juchem.