O Viaduto Obirici é um dos mais movimentados de Porto Alegre. Concluído em 1975 na Avenida Assis Brasil, sobre a Avenida Plínio Brasil Milano, ocupou parte do antigo Largo Obirici, uma área verde do projeto da Vila do IAPI. O ponto tradicional do bairro Passo d´Areia guarda uma lenda indígena, anterior à colonização portuguesa.
A lenda das Lágrimas de Obirici é uma das seis registradas como bens culturais de natureza imaterial de Porto Alegre. Em 2016, a historiadora Marli Rejani D´Avila Pereira concluiu estudo sobre episódios que estão no imaginário da cidade. A lenda da indígena Obirici, da tribo tapimirim, é a mais antiga da lista. Em 1875, José Antônio do Vale Caldre Fião escreveu pela primeira vez, a partir do relato de um velho indígena guarani.
Pela lenda, a história de amor de Obirici deu origem ao córrego Ibicuiretã, o Passo D´Areia. Ela e outra indígena amavam um chefe-guerreiro. Em dúvida sobre a escolha, o homem promoveu jogos públicos entre as duas, como arco e flechas. Obirici perdeu a competição e a chance de casar com o seu amado. Em uma versão, inconsolável, sua face e seu corpo foram se desfazendo em lágrimas, que formaram as águas de arroio sobre a areia.
Um monumento de bronze em homenagem à Obirici, feito por Nelson Boeira Fäedriche e Mário Arjonas, foi colocado em 1975 ao lado do viaduto. Devido aos furtos da bomba d´água, a obra está seca, sem as "lágrimas". Na revitalização que está em andamento neste ano no viaduto, pinturas nos pilares remetem à lenda da origem do arroio e do bairro. O artista Erick Citron apresenta Obirici em várias fases da vida.
No livro Porto Alegre: Guia Histórico, Sérgio da Costa Franco explica que "como Passo da Areia era denominado o vau do arroio da Areia, pequeno curso d´água, hoje canalizado, que passa à margem do estádio do Esporte Clube São José". O antigo Caminho do Passo d´Areia, uma das partes da estrada para a Aldeia dos Anjos (Gravataí), virou Avenida Assis Brasil em 1948.