Quando entro na Basílica Nossa Senhora das Dores, volto no tempo. Na noite de quinta-feira, o arcebispo metropolitano Dom Jaime Spengler celebrou a missa de instalação da primeira basílica de Porto Alegre. Durante a tarde, apresentei o Gaúcha+ na famosa escadaria de acesso pela Rua dos Andradas. Eu pude visitar a basílica ao lado do padre Lucas Matheus Mendes e da museóloga Caroline Zuchetti, que apresentaram detalhadamente os recantos do templo mais antigo da cidade. Compartilho com vocês algumas curiosidades.
Quando a basílica foi construída?
As obras começaram em 1807. Com a capela-mor pronta, a primeira missa foi celebrada em 1813. A imagem de Nossa Senhora das Dores foi transferida da Igreja Matriz.
Onde está a primeira imagem de Nossa Senhora das Dores?
Foi destruída pelo fogo em uma sala da igreja em 1818. Protegida, ao lado da secretaria, está exposta a segunda imagem, de 1819. A imagem que fica no alto do altar é da década de 1840, produzida na Bahia e feita em madeira.
Imagens de Nossa Senhora das Dores e de Jesus Cristo têm cabelo humano?
Elas já tiveram cabelo humano, doado por devotos, mulheres e até crianças. Hoje, o cabelo é sintético. São chamadas de imagens de vestir, que eram usadas em procissões.
A basílica tem quantos altares?
São sete altares. Seis ficam nas laterais, feitos de madeira, além do central, onde são celebradas as missas. No século 19, o interior da igreja não era totalmente ocupado por bancos. Era possível celebrar mais de uma missa ao mesmo tempo.
Qual a capacidade de fiéis dentro da basílica?
Os bancos tem capacidade para 380 pessoas.
O que são as janelas laterais no interior, na parte alta da basílica?
São 10 tribunas. Na origem, deveriam ser espaços para famílias mais influentes, mas o padre e a museóloga não acreditam que realmente tiveram este fim, já que fiéis mais importantes ou integrantes da irmandade podiam se acomodar em uma área reservada perto do altar. Nas laterais, também existem dois púlpitos, que eram usados na homilia.
Quem foi João do Couto Silva?
Se você olhar para cima quando entrar na basílica, poderá ver o nome de João do Couto Silva gravado na madeira da parte inferior do coro. Ele foi responsável por boa parte das obras internas, como o próprio coro e altares, entre as décadas de 1850 e 1860. João do Couto Silva era um mestre de obras, um talhador.
Quando foi construída a escadaria?
A obra da escadaria para acesso pela Rua dos Andradas é de 1873. Antes, fiéis entravam na igreja apenas pela Rua Riachuelo.
A obra da basílica durou quanto tempo?
Quase um século. A pedra fundamental é de 1807 e a conclusão da estrutura atual ocorreu apenas em 1904. As torres são de 1900 e 1901. O prédio foi tomado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938.
O que tem de real na lenda do escravo Josino e da "maldição das torres"?
Nada comprovado até hoje. Nenhuma referência em documentos da basílica. Pela lenda, que tem diferentes versões, o escravo Josino trabalhava nas obras e morreu enforcado depois de ser acusado injustamente de furto. Antes da execução, ele teria dito que o seu senhor não veria as torres prontas.
Ouça a entrevista do Gaúcha+ com padre Lucas Matheus Mendes e museóloga Caroline Zuchetti.
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