A Avenida Sertório cruza a zona norte de Porto Alegre, entre os bairros Navegantes e Sarandi. A abertura da via foi autorizada em 1870 pela Câmara Municipal. A dona Margarida Teixeira de Paiva e outros proprietários do Caminho Novo (Rua Voluntários da Pátria) ofereceram ao presidente da província, João Sertório, terrenos para abrir uma rua ligando a estrada para Gravataí (Avenida Assis Brasil) com o Caminho Novo.
Com recursos do governo provincial, o engenheiro ajudante da Repartição de Obras Públicas, Manuel Corrêa da Silveira Netto, ficou responsável pela execução. Em 1875, ata confirma a conclusão e outros melhoramentos.
Mesmo antes da abertura, a rua já tinha nome. O juiz de direito da 1ª vara criminal do Rio de Janeiro, João Sertório, veio presidir a província em 1869, empossado em 14 de junho. Ficou pouco mais de um ano no cargo, saindo em 29 de agosto de 1870. No relatório sobre ações no governo, ele relacionou as novas ruas abertas na capital. Citou que a Câmara Municipal resolveu denominar a nova via da zona norte como Rua Sertório. No livro Porto Alegre: Guia Histórico, Sérgio da Costa Franco destaca que "não se encontra em ata da Câmara qualquer resolução sobre esse batismo". Seria uma auto-homenagem? É o que parece.
No curto período no governo da província de São Pedro do Rio Grande do Sul, Sertório ficou para a história pela criação das colônias Conde d´Eu e Dona Isabel (atuais municípios de Garibaldi e Bento Gonçalves). Em 1870, ele voltou ao Rio de Janeiro, seguindo a carreira de juiz e desembargador. Em 1888, foi homenageado pelo Império com o título de Barão de Sertório. Em jornais da capital do Brasil, localizei muitas citações sobre o trabalho do magistrado e anúncios de fuga de suas escravas.
Em Porto Alegre, a Rua Sertório cresceu com a cidade, ficando mais extensa e larga. Em 1914, recebeu mil metros de condutos elétricos para ter iluminação. Em 1925, o intendente Otávio Rocha projetou a macadamização (camada de pedras) em 1.600 metros. A Sertório virou avenida em 1958, quando passou a ser acesso à nova travessia do Guaíba, a ponte do vão móvel.
Colabore com sugestões sobre curiosidades históricas, imagens, livros e pesquisas pelo e-mail da coluna (leandro.staudt@rdgaucha.com.br)