Mesmo em tempos difíceis, é possível preservar o bom humor. Pelo jeito, os soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB) eram espirituosos em meio aos combates da Segunda Guerra Mundial. Em visita ao Museu Militar do Comando Militar do Sul (CMS), em Porto Alegre, me diverti com os nomes e apelidos de veículos usados nas batalhas na Itália.
O Jeep Willys, muito comum naquele conflito, gerou várias homenagens. Oswaldinho era o apelido do carro do general Oswaldo Cordeiro de Farias, comandante da Artilharia Divisionária da FEB. O veículo do general João Batista Mascarenhas de Moraes, comandante da FEB, foi denominado Liliana, em homenagem à sua filha. De Lurdes, Mãezinha e outros nomes também eram usados.
Na entrada do museu, está em exposição um Jeep Willys, ano 1939. Fabricado nos Estados Unidos, foi doado por um civil em 2004. O veículo é batizado com o nome Serpa, em provável homenagem a Antônio Carlos de Andrada Serpa ou José Maria de Andrada Serpa, irmãos que participaram da FEB como capitães e atingiram o posto de general.
Outra viatura da guerra ganhou um apelido engraçado. O Dogde Comando ficou conhecido como Pata Choca. Curiosamente, militares relacionaram o veículo, largo e baixo, à ave. É uma expressão também usada para quem anda meio devagar. No museu, está em exposição um modelo W57, fabricado pelos norte-americanos em 1942.
Os soldados espirituosos deixavam o ambiente mais suave. O capitão Alexandre Santana da Silva, historiador do Museu Militar do CMS, destaca que os apelidos fazem parte do bom humor do brasileiro até em momentos de dureza. Ele explica que as homenagens, formais ou informais, são comuns até hoje em veículos e peças de artilharia.
Na Itália, os pracinhas brasileiros deram apelido à metralhadoras MG42, que os alemães usavam para despejar tiros contra nossas tropas. Pelo barulho, era conhecida como Lurdinha. Nas versões para o apelido, uma seria pela lembrança da voz da noiva de um soldado. Em outra, contam que foi comparada ao som da máquina de uma costureira chamada Lurdinha.
Reinaugurado em 2021, o Museu Militar do Comando Militar do Sul ocupa prédio de 1867, que já sediou o Arsenal de Guerra. As coleções são compostas por blindados, viaturas militares, armamentos e outros equipamentos que guardam a memória do Exército brasileiro em bons e maus momentos.
Como visitar o Museu Militar do Comando Militar do Sul
- Endereço: Rua dos Andradas, 630, no centro de Porto Alegre
- Visitas de terça-feira a domingo, das 10h às 17h
- Entrada gratuita