Quem gosta de história precisa visitar o Museu Julio de Castilhos, o mais antigo do Rio Grande do Sul. Fundado em 1903, comemorou 120 anos em 30 de janeiro. Inicialmente, a instituição ocupou pavilhões no Parque da Redenção. Desde 1907, está na casa da família do ex-presidente do Estado, Julio de Castilhos. Em 1985, incorporou uma casa vizinha na Rua Duque de Caxias, pertencente a Roberto Machado Velho.
O museu do Centro Histórico é parada obrigatória para os passeios de escolas na capital gaúcha. Lembro da minha primeira visita, aos nove anos. Nunca esqueci das "botas do gigante" e do velho casarão. Na comemoração do aniversário, está aberta a exposição "Aos 120 - nossa história". Em visita ao museu, fui recepcionado pela diretora, Doris Couto. Depois do tour guiado pela responsável pela instituição, descrevo abaixo algumas das tantas curiosidades.
A "nova" entrada
Depois de três décadas, a entrada do museu volta a ser pela Casa Julio. O hall passou por restauração durante cinco meses. Retiradas cinco camadas de tinta sobre a pintura original, foi possível recuperar as paredes com o padrão da época em que serviu de moradia para a família de Julio de Castilhos. Construída em 1887, foi residência de Julio de Castilhos partir de 1889.
Em função das condições ruins do hall, a entrada do museu era pela casa ao lado nas últimas três décadas.
Máscara mortuária
Feita em gesso, a máscara mortuária de Julio de Castilhos está restaurada. A peça feita logo após a morte do político serviu de molde para esculturas. Ela foi doada pela prefeitura de Porto Alegre em 1940, quando foi colocada em um quadro de madeira.
Penico
Uma peça que é familiar para os mais velhos chama a atenção das crianças: o penico. Em casas sem banheiro, o urinol era muito útil à noite. Em um quarto antigo em exposição, dois penicos brancos estão ao lado da cama. Há quem pergunte se era uma sopeira.
As peças simples fazem sucesso no museu.
Bota do Francisco
Por muito tempo, o museu apresentava grandes botas de couro como as "botas do gigante". Depois de dois anos enfaixadas para um processo de hidratação, elas podem ser vistas novamente. Atualmente, são apenas as botas do Francisco, forma encontrada para respeitar a memória de Francisco Ângelo Guerreiro, vítima de gigantismo e exposto em vida como uma aberração. As botas são do tamanho 58.
O gaúcho Francisco tinha 2m17cm e morreu em 1921 no Rio de Janeiro, onde pagavam ingresso para ver de perto o "gigante".
Como em 1903
Pelo decreto de criação, o primeiro museu público do Rio Grande do Sul era destinado às ciências naturais, à história e às artes. Na exposição dos 120 anos, a partir de foto, foi possível reconstituir um espaço de 1903. São peças de cerâmica e cestaria dos povos indígenas.
O Museu do Estado foi uma iniciativa de Julio de Castilhos. Em 1907, acabou rebatizado com o nome do criador, após sua morte.
Adivinhe o que é
Em um espaço interativo, quatro objetos antigos e estranhos estão em exposição. Me contaram que pouca gente está acertando o que são os itens. Depois do palpite, é só virar a placa e descobrir a resposta. Não vou antecipar nenhuma, deixando a surpresa.
Futuro
Uma boa notícia que recebi da diretora do museu, Doris Couto, é sobre o projeto de ampliação e reforma do museu a partir de 2023. Nos fundos, será construído prédio de quatro andares para a reserva técnica de objetos. Depois da conclusão desta obra, serão totalmente restauradas as duas casas e o jardim.
Exposição "Aos 120 — Nossa História"
- Museu Julio de Castilhos (Rua Duque de Caxias, 1.205), no Centro Histórico, em Porto Alegre.
- Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 10h às 17h.
- Entrada franca.
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