Rosa Weber conseguiu. Por unanimidade, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou, nesta terça-feira (26), em Brasília, a adoção de uma política de paridade de gênero no Judiciário. O debate foi pautado pela presidente da entidade em sua última cartada antes da aposentadoria.
Atualmente, segundo dados do conselho, as mulheres não representam nem 50% dos magistrados nos Tribunais de Justiça dos Estados. Em Rondônia, Amapá e no Mato Grosso do Sul, ainda há Cortes que nem sequer contam com a presença delas.
Conhecida pela discrição, por se manter longe da política e por não conceder entrevistas, Rosa decidiu levantar debates espinhosos nos últimos dias, antes de se despedir da magistratura.
Na última sexta-feira (19), ela proferiu um voto corajoso pela descriminalização do aborto. Não se sabe se a discussão terá continuidade, mas Rosa fez história ao afirmar que as mulheres - desde sempre silenciadas nesse debate - precisam ser ouvidas.
Também foi ela a responsável por provocar a discussão sobre a igualdade de gênero na Justiça, assumindo a liderança informal de um movimento nacional encampado por juízas e juízes em todas as regiões do país. A aprovação veio após um acordo que restringiu a abrangência da medida, mas a ministra celebrou o que chamou de "consenso".
O resultado é simbólico, porque significa, na prática, igualar o número de desembargadores e desembargadoras nos tribunais de segunda instância do Brasil. O assunto vinha causando furor nos bastidores do Judiciário por mexer com os critérios de ascensão na carreira. A vitória ficará como legado.
Muitas juízas levaram suas filhas na sessão, para mostrar que não lutavam apenas por elas, mas pelas gerações futuras. Se as mulheres representam mais da metade da população brasileira, é justo que dividam os espaços com os homens, inclusive nos tribunais. Lado a lado.