Costumo dizer que onde há o desejo coletivo de fazer o bem, não existe obstáculo que resista. Depois de meses de preparativos, doações e planejamento, o Beco do Medo, uma área degradada e insegura no 4º Distrito de Porto Alegre, ganhou novas feições no último sábado (1º), graças ao trabalho voluntário.
Liderada pelo projeto social DU99, a iniciativa é mais um passo em um movimento de transformação urbana - já retratado aqui na coluna - que revitalizou 15 lugares da cidade (como ONGs, centros comunitários, associações, escolas, asilos e a Delegacia de Combate à Intolerância, no fim do ano passado), com o apoio de mais de 500 voluntários e de 180 empresas parceiras.
No caso da viela, que oficialmente se chama Beco Santo Guerra e fica junto à Avenida A. J. Renner, nas proximidades do DC Shopping e do Instituto Caldeira, as meninas à frente da ação (veja nas fotos) conseguiram reunir 80 pessoas dispostas a ajudar (mais do que inicialmente previsto). A ação também contou com 40 empreendimentos parceiros (do bairro, mas também de outras regiões da Capital) e com o apoio da Associação das Empresas dos Bairros Humaitá e Navegantes e da prefeitura.
Eu estive lá e vi de perto o esforço e alegria do grupo, que limpou o local, instalou novos bancos, bicicletários e uma "geladeira literária" (com livros para quem quiser pegar), plantou mudas de árvores e arbustos e pintou o piso e os muros. Ao final, o resultado é uma área revitalizada, multicolorida e alegre, que agora ficará à disposição da comunidade.
— Foi uma experiência incrível. Saímos de lá realizados e felizes por poder fazer algo pela cidade — diz a arquiteta Aline Fuhrmeister, à frente da DU99.
Agora, a associação prevê uma série de atividades no local, como feiras, datas festivas e até cinema ao ar livre, para trazer a vizinhança de volta ao espaço. O desafio é fazer com que as pessoas se apropriem da área, que durante anos permaneceu abandonada, e passem a cuidar dela. Só assim o Beco do Medo deixará no passado a história de abandono e insegurança.