Retrato da degradação, o Beco do Medo, no 4º Distrito de Porto Alegre, vai ser alvo de uma ação coletiva neste sábado (1º). A iniciativa é parte de um movimento de transformação urbana - já retratado aqui na coluna - que revitalizou 15 pontos da cidade, com o apoio de mais de 500 voluntários e de 180 empresas parceiras.
À frente da mobilização, estão quatro mulheres ligadas ao projeto social DU99: as arquitetas Aline Fuhrmeister e Mariana Jardim, a psicóloga Fernanda Fuhrmeister e a jornalista Kellen Höehr. O voluntariado já ajudou a reformar ONGs, centros comunitários, associações, escolas, asilos e até órgãos de segurança, como a Delegacia de Combate à Intolerância, no fim do ano passado. São ações convocadas pelas redes sociais, que juntam centenas de pessoas. É gente que quer fazer o bem sem ganhar nada com isso.
Agora, chegou a vez de dar novas cores à viela localizada em uma das zonas mais promissoras da Capital, que vem se tornando polo de negócios inovadores e ganhando novas feições. O local também tem grande circulação de pessoas, porque fica a uma quadra da estação Farrapos, da Trensurb, e também nas proximidades do DC Shopping e do Instituto Caldeira.
— Será nossa primeira ação em uma área pública, um local que antes estava tomado de lixo. Setenta pessoas se inscreveram para participar. Estamos muito felizes — conta Aline.
Em parceria com a Associação das Empresas dos Bairros Humaitá e Navegantes e com apoio da prefeitura, o mutirão será neste sábado (1º) das 9h às 17h. A ideia é colorir os muros e o piso, plantar árvores e posicionar bicicletários, bancos e uma geladeira de livros, do projeto Livroteca. Logo, logo, o Beco do Medo vai voltar a ser conhecido como Beco Santo Guerra, seu nome de "batismo".
As vagas para voluntários já se esgotaram (elas são limitadas para que as atividades possam ser organizadas de forma adequada), mas o grupo realiza ações mensais em diferentes pontos da cidade. Vale seguir @dunoventaenove no Instagram.
Por que DU99
Segundo a fundadora do projeto, Aline Fuhrmeister, a ideia surgiu como um braço social do escritório dela, o DU Arquitetura Estratégica, mas acabou crescendo e se tornando uma ação independente. Du significa "tu" em alemão e simboliza, no nome do projeto, o "fazer pelo outro". Já o 99 vem de um dado do setor de arquitetura: estima-se que apenas 1% da população mundial tenha acesso a um(a) arquiteto(a). Aline tomou como missão de vida "levar a arquitetura para os outros 99% da população".