No passado, tudo era mato. Referência comum dita por pessoas mais experientes quando comentam a chegada do desenvolvimento retrata bem como era o Cais Mauá até pouco tempo atrás.
As obras que trouxeram uma nova realidade para essa região de Porto Alegre começaram em outubro de 2019, depois de uma discussão de 30 anos sobre o futuro desta área. No local que hoje abriga bares e restaurantes, não havia sequer canalização de água ou esgoto. Nem mesmo energia elétrica adequada. Foi preciso começar do zero.
Durante quase três décadas, se imaginou que o terreno de 181,3 mil metros quadrados, com 11 armazéns tombados pelo Patrimônio Histórico, precisava ser recuperado de uma só vez.
Porém, uma pessoa precisa ser lembrada, pois foi ela a primeira a trazer a ideia de que não precisávamos revitalizar toda a área do Cais de uma vez só.
Em outubro de 2018, o empresário uruguaianense Eduardo Luzardo da Silva recebeu a missão de coordenar o consórcio Cais Mauá do Brasil, vencedor da licitação realizada em 2009. Sabendo da missão que teria, o empresário sabia que corria contra o tempo.
Foi dele a ideia de se criar um marco zero no Cais. Um projeto-piloto, para que empresários, políticos e moradores enxergassem o futuro promissor do espaço. Quatro meses depois, as empresas DCSet e Tornak já estavam contratadas para desenvolver o projeto Embarcadero, entre a Usina do Gasômetro e o Armazém A7 do Cais.
Eduardo Luzardo da Silva não conseguiu dar prosseguimento ao seu projeto, que pretendia trazer para o Cais a construção de um shopping e torres comerciais ao longo das demais áreas. O governo do Estado rescindiu o contrato com o consórcio - que fora contratada 10 anos antes para realizar as obras.
O empresário ainda não foi convidado para estar presente nestes primeiros dias de operação do Embarcadero. Mas certamente ele será lembrado. E convidado. Porque foi dele a ideia que faz com que os mais experientes moradores de Porto Alegre não enxerguem só mato na área do Cais.