É de um uruguaianense criado em Porto Alegre que vem mais um compromisso envolvendo o Cais Mauá. Nada de roda gigante do tipo London Eye ou torres comerciais de Dubai. A ideia do novo gestor, que assumiu a função há um mês, é acabar com as promessas e envolver os gaúchos no projeto, deixando-os usufruir de um espaço nobre na cidade, mas esquecido há décadas.
— Entrega é a palavra. Transparência. Resultado. Chega de conversa. Chega de promessa — diz o diretor-presidente do Cais Mauá do Brasil, Eduardo Luzardo da Silva.
Formado em Administração de Empresas, com mestrado em Administração e especialização em Finanças, Luzardo tem experiência em reestruturar empresas, como a nova gestora do fundo que tem o controle da revitalização do Cais Mauá, a paulista LAD Capital. E o projeto de revitalização precisa disso. Principalmente depois que, em abril, a Polícia Federal realizou operação para investigar fraudes no fundo de investimento que era administrado por uma antiga gestora.
Com a desenvoltura de quem conhece a Capital e cidades vizinhas — da Padre Chagas à Cidade Baixa, da revitalizada orla porto-alegrense aos passeios a cavalo na cidade de Guaíba —, Luzardo sabe que, para viabilizar o projeto, que não conta com recursos públicos, precisa garantir o retorno financeiro aos investidores. Mesmo assim, entende que é necessário oferecer áreas de convivência no espaço que, há muito tempo, deixa os gaúchos de costas para o Guaíba.
— Não é só um projeto imobiliário. É uma concessão. É preciso propiciar espaço para ser usufruído pela população. É preciso ter uma causa. Uma visão social — afirma o novo diretor.
Luzardo reuniu a equipe e reviu a estratégia. A obra está dividida em três fases. A primeira, que envolve a restauração de 11 armazéns tombados, já tem as licenças necessárias. As outras duas têm apenas estudos para construção de um shopping e torres comerciais.
A execução das três fases tem um gasto estimado em R$ 800 milhões. Os investidores estão sendo procurados e, segundo Luzardo, há interessados em investir no projeto. Mas a confirmação se daria no momento em que os parceiros comerciais — como lojas e restaurantes — confirmarem a adesão ao empreendimento.
Para não perder ainda mais tempo, foi criada o que o diretor-presidente chama de a fase um da fase um:
— Precisamos entregar, já, alguma coisa para a população. Já passou demais (do tempo).
Dentre as hipóteses avaliadas, surgiu a intenção de usar uma área hoje abandonada, de 40 mil metros quadrados (abaixo), para "dar um gostinho" do que a revitalização do Cais Mauá irá propiciar aos seus frequentadores.