A falta de recursos está fazendo o governo federal mudar a estratégia sobre a conclusão das obras da nova ponte do Guaíba. A construção foi inaugurada em dezembro sem a entrega de quatro das sete alças da travessia.
Na ocasião, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, garantiu a continuidade e término dos trabalhos durante o ano de 2021. Um dos trechos mais importantes que ainda não está liberado é o de quem vem do Centro de Porto Alegre pela Avenida Castello Branco e pretende seguir em direção a Eldorado do Sul.
Agora, a realidade é outra. O governo já anunciou que está cortando R$ 10,7 milhões da obra - montante que representa 20% do total previsto para a construção e que deveria chegar até dezembro.
Para garantir a conclusão das quatro alças da ponte que faltam, e como o contrato com o consórcio Ponte do Guaíba chegou ao fim, e ainda não foi renovado, o Ministério da Infraestrutura anunciou que a obra será finalizada por quem vencer o próximo leilão de rodovias federais, estimado para o segundo semestre do ano que vem.
A obra foi incluída no estudo que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o consórcio LOGIT – ATP – QM – JGP realizam sobre a BR-116, entre Camaquã e Porto Alegre; e a BR-290, de Eldorado do Sul a Uruguaiana. Quem vencer, poderá cobrar pedágios nestas duas rodovias.
"Vale esclarecer também que, em relação a obra, o que não ficar pronto do empreendimento até a efetivação da concessão será repassado para a responsabilidade do concessionário", informa nota do ministério encaminhada para a coluna.
Enquanto isso, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) seguirá conduzindo as 600 desapropriações necessárias para o término da obra. Em março, a autarquia depositou o valor do reassentamento das primeiras 59 famílias que deixarão as Vilas Areia e Tio Zeca. Porém, pediu para que as audiências só comecem em julho.
Só para a remoção das famílias, o Dnit precisará de aproximadamente R$ 100 milhões. Já para a construção são estimados outros R$ 100 milhões. Até agora foram investidos R$ 769 milhões na obra.
Contrato atual chegou ao fim
Além da falta de recursos e da necessidade de desapropriações, o Dnit precisará renovar o atual contrato se pretende ver a construção ter continuidade. Por causa do término deste vínculo, quem passa na frente do canteiro de obras das empresas responsáveis já percebe que até o maquinário está sendo recolhido.
Quando a obra for retomada, a previsão é que ainda sejam necessários mais oito meses de trabalho. O Dnit apresentou um cálculo que para finalizar as obras é necessário remover ao menos 400 famílias.
Aproximadamente 20 trabalhadores permanecem na região fazendo a proteção dos bens das empresas. Procurado, o consórcio Ponte do Guaíba não quis se manifestar a respeito.