Da euforia pela inauguração, com a presença do presidente Jair Bolsonaro, à decepção surgida com o anúncio de centenas de demissões. Os trabalhadores da nova ponte do Guaíba viveram essas duas sensações em um mês.
Em 10 de dezembro, o governo federal anunciou a conclusão de três das sete alças da travessia. No evento Bolsonaro destacou que gostava mais de finalizar obra do que começar. Com 95% dos trabalhos feitos, o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, projetava que o restante dos trabalhos seria concluído em 2021.
Porém, a coluna alertou que a obra iria parar dias após a inauguração. O motivo: a demora em realizar o reassentamento de aproximadamente 500 famílias que moram nas vilas Areia e Tio Zeca.
E é o que está acontecendo. Aproximadamente 300 funcionários da construtora Queiroz Galvão foram demitidos, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada do Rio Grande do Sul, Isabelino Garcia dos Santos.
Ficaram apenas 30 trabalhadores ligados à obra. Os que ficaram estão terminando serviços de drenagem, colocação de grama e aplicação de pavimento, pois a rua João Moreira Maciel ainda não está finalizada, pois é necessário concluir um acesso para a freeway.
Depois disso, a empresa não terá mais o que executar. É preciso iniciar a remoção das casas. Como não há indicativo dentro do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) de quando isso irá ocorrer, a construtora iniciou a desmobilização. Sem a Queiroz Galvão, a demora na transferência das famílias irá se agravar, pois é a construtora a responsável por agilizar a documentação dos beneficiados.
Como o valor a ser repassado já foi concluído, a autarquia precisa aprovar um novo aditivo ao contrato. Se não o fizer, para ver a obra concluída, o Dnit terá que fazer uma nova licitação.
Procurada, a assessoria da construtora Queiroz Galvão não retornou ao contato feito. Já o Ministério de Infraestrutura informou que não se manifestará sobre as demissões da Queiroz Galvão, entende que a obra está em andamento e que já deu início ao processo de de reassentamento.
"No final do ano passado, o Dnit ajuizou na Justiça Federal 59 processos dando a largada para a retomada do reassentamento", informa nota enviada pela assessoria de imprensa.
Porém, o juiz federal Hermes Siedler da Conceição Júnior, responsável pela condução do reassentamento das famílias, informa que o Dnit não depositou o valor referente à compra das novas casas dos beneficiados.
- Foram ajuizados 59 processos. O Dnit foi informado que deveria ter feito o depósito do valor para a compra assistida em todos os processos. Feito o depósito, farei reunião com o Dnit para programar as audiências de conciliação, antecedidas de uma audiência pública com as 59 famílias - informa o magistrado.
Levando em consideração os valores que deverão ser disponibilizados para cada família, serão necessários entre R$ 8,96 e R$ 10,5 milhões para dar início ao processo de reassentamento. Questionado sobre isso, o Ministério de Infraestrutura não respondeu.
Um dos acessos mais importantes que ainda não está liberado é o de quem vem do Centro de Porto Alegre pela Avenida Castello Branco e pretende seguir em direção a Eldorado do Sul. As obras começaram em outubro de 2014 e deveriam ter ficado prontas em 2017.