Imagine se o réu a ser executado no TSE, e transformado em pária “inelegível”, fosse Lula – e não Jair Bolsonaro. Lula foi condenado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em três instâncias e por nove juízes. Bolsonaro não foi condenado por crime nenhum. Seria razoável que Lula, e não seu antecessor, fosse o homem que o TSE quer eliminar da política brasileira. Mas é melhor nem pensar. Lula inelegível? O mundo viria abaixo. Os signatários da “Carta aos Brasileiros” estariam em crise. A esquerda iria pedir a intervenção da ONU. O MST iria colocar o seu “exército” nas ruas. Nos cinco continentes, os “progressistas”, o Greenpeace e os bilionários socialistas estariam horrorizados com o que chamariam de maior agressão contra a democracia desde a Grécia Antiga. Mas o pelotão de fuzilamento foi montado para liquidar Bolsonaro; nesse caso vale tudo. A esquerda e os liberais do “Brasil civilizado” dizem que a condenação vai salvar a “democracia”. Fim.
Não importa o que a lei diz – se importasse, Bolsonaro não estaria respondendo a processo, pois não fez nada ilegal. Mas como dizem os autores da ação contra o ex-presidente, “os fatos” não devem contar, nem a “letra fria” da lei. A “salvação da democracia”, no seu entendimento, deve estar acima dos fatos e da lei – e para preservar essa preciosidade 140 milhões de eleitores brasileiros devem ser proibidos de votar em Bolsonaro. Essa gente não sabe votar; tem de ser protegida dos seus erros.
Bolsonaro criou, segundo os acusadores, “um clima antidemocrático”. Quis dar um “golpe”; não deu, mas provavelmente iria dar, ou deixou a impressão que daria, ou bem que poderia ter dado. É esse o “arcabouço” das acusações contra ele. Nada disso é crime, nem aqui, nem em lugar nenhum. Mas o ex-presidente está sendo julgado não pelo que fez, mas por ser quem é.
Bolsonaro é culpado por criar “desconfiança” em relação às urnas eletrônicas – mas o próprio Congresso aprovou uma lei mandando substituir o sistema por outro, em que os votos pudessem ser comprovados por escrito. Dizem que as “minutas do golpe” indicam sua participação em planos contra o “Estado de direito” – até um ministro do TSE achou a história sem pé e sem cabeça. O ex-presidente é acusado de ser “responsável” pelos atos de violência em Brasília no dia 8 de janeiro – embora estivesse a 3,5 mil quilômetros de distância, e não haja nem um átomo de prova de que tivesse alguma coisa a ver com aquilo. Mais que tudo, ele perdeu a eleição – é acusado de influenciar a votação por “uso indevido” do poder, mas perdeu. Que golpe é esse?