A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Em um ano marcado pela crise climática e pelos danos que a enchente deixou, o comportamento do crédito rural demonstra como ainda está difícil para o agricultor acessar os recursos do Plano Safra. As operações de crédito agropecuário no Rio Grande do Sul caíram 11,98% de julho a novembro, na comparação com o mesmo período do ano passado. Já o valor concedido caiu 19,65% no mesmo período.
O alerta está no centro das preocupações traçadas pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) e tem ligação com o futuro da atividade. O contingente de produtores que não vão conseguir plantar ou que vão plantar com menos recursos do que pretendiam ainda está sendo levantado e ficarão evidentes quando a próxima safra se desenhar. Mas já indicam que a dificuldade de acesso ao crédito, somada à sequência quatro anos sem safra cheia, pode levar ao abandono do campo.
A virada no calendário para o próximo ano mantém outras preocupações de ordem financeira. Na avaliação do presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, o pacote fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad traz mudanças significativas na política pública do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), acrescentando um teto orçamentário de R$ 7,8 bilhões ao programa. Atualmente, a liberação ocorre conforme a demanda.
— O balizamento traz preocupações e acendeu uma luz vermelha muito forte. Essa mudança pode ser o fim dele (o Proagro) e tende a criar um problema de que cada vez mais os agricultores fiquem à mercê — criticou Joel.
O Proagro é considerado fundamental para dividir os riscos do produtor. É a principal política de mitigação de danos que são inerentes à própria atividade agropecuária.
Para o setor, diminuir o programa seria uma alternativa para ampliar o espaço do seguro rural. O problema, na avaliação da entidade, é que as seguradoras se ausentaram do Estado em meio aos últimos episódios da crise climática, deixando muitos agricultores sem o amparo financeiro esperado.