A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O avanço das águas enquanto a safra de verão ainda era finalizada no Rio Grande do Sul deixa impactos não só no que havia sido colhido ou estava por colher, mas também nos ciclos produtivos seguintes que logo seriam iniciados. Diante dos estragos sequer ainda contabilizados, a safra de inverno também vira preocupação do setor.
Nesta segunda-feira (27), uma reunião da Câmara Setorial do Trigo e demais elos da cadeia vai avaliar os primeiros entraves que podem impactar o cereal. No encontro serão projetadas quais as perspectivas em termos de produção no Estado. De acordo com as janelas de zoneamento, algumas regiões já estariam iniciando os plantios em junho.
Liberação de crédito para os produtores afetados, dificuldade na logística de insumos que não chegam às propriedades e disponibilidade de sementes são as principais preocupações do setor neste momento, conforme explica o coordenador da Câmara Setorial do Trigo da Secretaria da Agricultura do RS, Tarcisio Minetto.
Além disso, preocupa a condição do solo produtivo, que foi varrido pelas enchentes em diversas regiões. Ou seja, além de todas as perdas, muitos agricultores talvez não tenham terras para plantar o próximo ciclo.
— Vamos levar ainda um bom tempo para sentar e avaliar tudo o que se perdeu. As pessoas não conseguem nem chegar aos locais para ver o estrago — diz Minetto.
No ano passado, a safra de inverno já havia sido frustrada no Rio Grande do Sul por causa do excesso de chuvas. O trigo foi bastante impactado pelo El Niño e registrou perdas tanto em quantidade produzida quanto na qualidade do cereal colhido. A quebra chegou a 30%, com efeitos negativos também no preço pago ao produtor.