A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A safra de trigo que será plantada no próximo inverno vai carregar como “herança” o excesso de chuva do ciclo passado. É que com a produção afetada pelo excesso de umidade, muitos produtores não conseguiram salvar sementes para o plantio deste ano.
— E, das que foram salvas, muitas estavam em má qualidade — acrescenta Márcio Schorr, gerente de Desenvolvimento e Suporte Estratégico da Superintendência Regional da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Rio Grande do Sul.
É por esse motivo que, neste ano, a Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do RS (Apassul) está estimando o maior percentual de área plantada com sementes oriundas de produtores de sementes da sua série histórica: 78%. O restante, apenas 22%, portanto, deve ficar com produtores tradicionais, que guardam os seus próprios grãos de uma safra para outra.
— O agricultor comum não conseguiu tirar a umidade. Enquanto o produtor de semente tem tecnologia para secagem — justifica Jean Carlos Cirino, diretor executivo da Apassul.
Entre os impactos da oferta ajustada da semente está o possível preço maior do grão e uma área plantada menor neste ano. É o que já aponta o 6º levantamento da Conab, divulgado nesta semana. A estimativa é de que o Rio Grande do Sul cultive 1,4 milhão de hectares, valor 6,7% menor.
A Apassul trabalha com uma perspectiva ainda menor: entre 1 milhão e 1,2 milhão de hectares.
— Não vai ter semente para atender área maior do que essa. Santa Catarina e Paraná também estão com dificuldade de produzir semente pelo mesmo motivo — reforça Cirino.