A queda no volume previsto para a safra de trigo brasileira, que tem despontado com avanço da colheita, alimenta um aumento nos preços do cereal. Para além da quantidade, a qualidade do produto também afeta o mercado. Relatório do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) aponta que, no intervalo de uma semana (entre 3 e 10 deste mês), o valor pago ao produtor subiu 3,24% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), a alta foi de 6,06% no Estado.
– Foi uma alta que aconteceu em poucas semanas. A gente vinha de uma situação de potencial de recorde de produção que foi, literalmente, por água abaixo. É muito menos trigo, e isso faz com que tenhamos uma mudança nos parâmetros de formação de preços. Hoje, estão muito acima do que se tivéssemos uma safra cheia e vendendo para o mercado internacional – observa Élcio Bento, especialista em trigo da Safras & Mercado.
Bento explica que o valor da tonelada hoje já se aproxima da chamada paridade de importação – ou seja, equivalente ao do produto importado, o que é uma espécie de teto. Mas como a safra argentina só deve entrar a partir de janeiro, ainda pode haver um espaço de alta nas cotações até lá.
Outro ponto a ser considerado na equação são os leilões para a garantia do preço mínimo – quantia acima da praticada no mercado. O analista avalia que, neste caso, o efeito tem sido mais “psicológico do que efetivo”. A oferta está acima da demanda, com interesse muito pequeno sobretudo da indústria.
Leilões
Com a realização da terceira rodada de leilões de trigo, o volume negociado com as ferramentas de apoio à comercialização (nas modalidades PEP e Pepro) soma 424 mil toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento.
O RS negociou 202,96 mil toneladas nessas três etapas. Na etapa desta terça-feira (14), foram negociadas 60,5 mil toneladas de 90 mil toneladas ofertadas na modalidade Pepro. Na de PEP, não houve interessado