À medida que a colheita avança, vão ficando mais evidentes os estragos causados pelo excesso de chuva na produção de inverno, sobretudo no trigo. Levantamento de safra divulgado nesta quinta-feira (09) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), traz uma colheita com números revisados para baixo. No Rio Grande do Sul, a produção está agora estimada em 3,97 milhões de toneladas, o que representa um recuo de 30,5% sobre o ano passado, quando o volume foi recorde.
Há um ajuste também em relação ao dado do mês passado, quando já era apontada uma redução em produtividade (-18,6%) e produção (-16,9%) para a safra gaúcha na comparação com a passada, mas em proporção menor.
— Já era esperada uma produtividade um pouco mais normal nesta safra (em função do recorde passado), mas nos últimos dois meses, o excesso de chuva impactou a produtividade e esse levantamento já tem mais esse efeito — diz Fabiano Vasconcellos, gerente de acompanhamento de safras da Conab.
Outra questão a ser considerada é a qualidade do que vem sendo colhido. Com a umidade em alta e temperaturas mais elevadas, o aparecimento de doenças causadas por fungos, como a brusone e a giberela, impacta o rendimento das lavouras.
— De fato, essas condições climáticas favorecem o aparecimento de doenças que afetam a produtividade e a qualidade das lavouras — reforça Vasconcellos.
No Brasil, a previsão para a colheita de trigo é de 9,63 milhões de toneladas, queda de 8,7% sobre a safra do ano passado. No primeiro levantamento da Conab para o ciclo 2023/2024, eram estimadas 10,46 milhões de toneladas. O total de grãos a ser colhido no país é de 316,7 milhões de toneladas, o que representa 1,5% ou 4,7 milhões de toneladas a menos do que a do ciclo anterior. Mesmo assim, o volume indica a segunda maior produção da série histórica.
— A nossa expectativa é de novamente termos uma potente safra de grãos no país, apesar das questões climáticas provocadas pelo El Niño. As informações levantadas pela Conab indicam, neste momento, que possivelmente teremos a segunda maior produção de grãos da história brasileira, podendo ser a primeira, devido ao aumento da área plantada — o presidente da Conab, Edegar Pretto.