Com duas etapas concluídas e uma terceira já marcada para a próxima semana, os produtores aparecem como os principais interessados nos leilões de trigo. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que operacionaliza os mecanismos de apoio à comercialização, contabilizou 160 mil toneladas arrematadas na rodada realizada ontem. A quantia equivale a 48,5% do colocado à disposição nas modalidades Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e Prêmio Para Escoamento da Produção (PEP).
Presidente da Conab, Edegar Pretto avaliou que as quase 360 mil toneladas arrematadas mostram “a importância da decisão do governo federal em retomar uma ação que não era realizada desde 2017”. No Rio Grande do Sul, via Pepro, foram negociadas 66,86 mil toneladas — 74,28% do total.
— São produtores grandes, com estrutura de armazenagem própria, que garantem assim o valor mínimo — observa Índio Brasil do Santos, sócio-diretor da Solo Corretora.
No PEP, a oferta somava 70 mil toneladas, mas apenas 600 acabaram sendo arrematadas. Santos avalia que a baixa procura nesta modalidade tem relação com a qualidade do trigo colhido, o que torna a ferramenta não atrativa para o público a que se destina — empresas, comerciantes.
As condições climáticas impuseram uma mudança em relação ao cenário de produção que se tinha à época da solicitação dos mecanismos e o atual. O preço segue abaixo do mínimo, mas com o andamento da safra debaixo de chuva, a colheita irá encolher.
Com a oferta restrita — Paraná e Argentina também têm projeções de perdas —, as cotações do cereal têm reagido também no mercado.
— O cenário do trigo neste ano é o inverso do ano passado — completa Santos.