A primeira rodada dos leilões de trigo, mecanismo para garantir o preço mínimo do cereal, teve a negociação de 64% das 309,6 mil toneladas ofertadas, via Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e Prêmio para Escoamento de Produto (PEP). Uma nova etapa está marcada para 7 de novembro — com oferta de 329 mil toneladas.
Para Edegar Pretto, presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que organiza os leilões, o resultado demonstra “uma operação de sucesso”:
— No Rio Grande do Sul, onde há a maior produção de trigo no país, o volume negociado foi de 75 mil toneladas. Ou seja, mais de um terço do comercializado é produção gaúcha.
No Pepro, as 70 mil toneladas disponibilizadas no Estado foram arrematadas. Sócio-diretor da Solo Corretora, Índio Brasil dos Santos explica que houve uma procura superior (mais de cem mil toneladas) à oferta, o que levou a um deságio de 15,71% do prêmio máximo por tonelada. Ele avalia que a demanda “sinaliza que tem gente querendo vender”, mas faz uma ponderação.
— Se olhar o valor do prêmio oferecido, a demanda tinha de ser para 300 mil toneladas. Faltou um pouco de segurança para o produtor — afirma ele.
Presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro-RS), Paulo Pires também entende que a procura poderia ter sido maior.
A insegurança do agricultor tem relação com a qualidade do cereal colhido no Estado, afetada pela chuva. Com poucas lavouras alcançando o patamar do trigo tipo pão um, havia dúvidas quanto ao interesse de compra nos tipos dois e três.
O que muda é o valor do prêmio, de acordo cada categoria, mantido o percentual de deságio.
Na modalidade de PEP, foram negociadas no RS 5 mil das 70 mil toneladas ofertadas.
Entenda melhor
- O governo federal tem uma Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), que estabelece um valor de referência para produtos agrícolas
- Esse valores são atualizados a cada safra. E servem de balizadores
- Quando o preço de mercado é inferior ao mínimo estabelecido, podem ser realizados mecanismos de apoio à comercialização, em que o governo entra com recursos para cobrir essa diferença de valores, garantindo que o agricultor receba essa quantia mínima estabelecida
- Depois de um 2022 de preços elevados, o trigo chegou a um patamar de preços inferior ao mínimo. Entidades representativas de produtores rurais solicitaram à União a realização de leilões
- O Pepro tem como público-alvo quem produz. Participam produtores e cooperativas. Fechada a negociação nos leilões, há um prazo para que a entrega desse produto seja feita no porto de Rio Grande (para os mecanismos do Estado). Após a comprovação da operação realizada, o governo faz o pagamento do prêmio
- No PEP, cerealistas e tradings são os potenciais participantes