Foi aos moldes da sua origem que a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) celebrou 60 anos de história: chamando a atenção para a necessidade de buscando driblar os entraves à produção familiar. A crise aguda vivida no setor leiteiro e a climática, com uma sequência de três estiagens, seguida de ciclones extratropicais apareceram nos discursos da festa preparada no parque da Afubra, em Rio Pardo, que contou com cerca de 1,5 mil pessoas.
— Não podemos ficar à mercê do Mercosul. Vamos ter a coragem, governo brasileiro, de fazer o que a Argentina fez. Tiraram o açúcar do acordo do bloco e agora subsidiaram o produtor — disse o presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, em uma referência às medidas buscadas para frear a entrada de lácteos do Mercosul, que fez o preço cair em plena entressafra.
O dirigente acentuou a gravidade do cenário atual reforçando os dados da Emater: em 2015, 84,2 mil estabelecimentos se dedicavam à produção de leite. Hoje, são apenas 33,02 mil.
Os percalços climáticos também marcaram a cerimônia, com momentos simbólicos. Um deles, o pedido de silêncio pelas vítimas dos ciclones feito pelo vice-governador, Gabriel Souza.
Ex-presidente da entidade, hoje no comando da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar, o deputado Heitor Schuch solicitou que titular do Sindicato Rural de Colinas, Seno Messer, ficasse de pé. E pediu uma salva de palmas, pela resiliência do produtor frente aos efeitos devastadores das cheias:
— Perdeu tudo, mas está aqui.
Ao abordar as mudanças climáticas, o vice-governador mencionou a pior seca dos últimos 70 anos, vivida no RS em 2022, e os nove ciclones extratropicais deste ano. Sobre os auxílios sinalizou com uma informação vinda do governo federal, de que a regulamentação das linhas de crédito disponibilizadas após as cheias sairia entre a sexta e o sábado.
— O governo está dando respostas, mas precisamos desburocratizar as ações, para que cheguem rápido lá no meio rural — avaliou Joel.
Um dos presentes de aniversário recebidos pela Fetag-RS foi Medalha do Mérito Farroupilha, da Assembleia Legislativa — foi a primeira vez que a distinção foi recebida por uma entidade. A proposta foi do deputado e também ex-presidente Elton Weber.