Assim como em casos de doenças crônicas, o enfrentamento dos cíclicos períodos de tempo seco no Rio Grande do Sul exige cuidados constantes. Há de se ter uma vigilância permanente para conviver com a condição e, ao mesmo tempo, estar pronto para usar os antídotos em casos de crise. O programa apresentado pelo governo do Estado, batizado de Supera Estiagem, traz essa receita. Combina o remédio pontual, com as doses de médio e longo prazo. Algo que faz sentido para garantir estabilidade e previsibilidade ao “paciente”.
— É a superação da estiagem que estamos passando e ações para as que vierem. A situação de estiagem afeta fortemente a economia do Estado – justificou o governador Eduardo Leite.
O calcanhar de Aquiles no enfrentamento da estiagem no RS tem sido a manutenção dos cuidados fora das crises. Quando estão estabelecidas, como agora, a urgência é no controle dos sintomas: falta de água para consumo humano e animal, prejuízos na produção, perda de renda (ou a inexistência de), dificuldade para pagar financiamentos, etc.
Para remédios imediatos e ações de longo prazo é preciso dinheiro no caixa. Entre as medidas que entram no pacote anunciado, estão as que são e serão executadas com recursos existentes, sejam do Avançar RS ou de outros programas. Outras iniciativas esperam definição na ação movida por Estados em relação à mudança da base de cálculo do ICMS nas operações com energia elétrica — e que representam bilhões a mais ou a menos nos cofres estaduais.
Quanto aos cuidados permanentes, a irrigação entra como ferramenta crucial. E é nos períodos de “normalidade” que precisa se manter na agenda. As chuvas que virão pela frente não podem desidratar a busca por avanço do uso do sistema no RS — na soja, apenas 2,38% da área foi irrigada na safra 2021/2022.
Há uma proposta de subvenção de projetos de irrigação, via Avançar RS, com soma de R$ 20 milhões, com minuta do decreto pronta. Para além do incentivo financeiro para a adoção da tecnologia, há questões legais apontadas como entraves. Como as divergências na área do Bioma Pampa, que são alvo de ação do Ministério Público Estadual e vinham sendo tratadas em grupo de trabalho. O chefe da Casa Civil, Artur Lemos, afirmou que até o final do primeiro semestre uma proposta do governo será apresentada ao MP, na tentativa de se chegar a um acordo.