A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O pasto seco e as reservas de água cada vez mais contadas à gota nas propriedades descrevem o cenário do campo em meio à estiagem no Rio Grande do Sul. Na pecuária de corte, os efeitos da crise hídrica já provocam a morte de animais por calor, fome e sede.
— Já enfrentei várias secas, mas essa é a pior da minha vida. Os bichos estão muito debilitados — relata Alex Silveira, pecuarista na região de São Gabriel, na Fronteira Oeste.
O produtor já perdeu uma vaca dos 350 animais que mantém na propriedade. No ano passado, mesmo com outra seca severa, nenhum chegou a morrer. Ele conta que o mesmo tem acontecido nas propriedades vizinhas, com relato de produtores que perderam até quatro animais neste verão.
O agravante, segundo Silveira, é o prolongamento dos dias sem chuva. Desde setembro do ano passado as precipitações são escassas na região, somando já cinco meses de dificuldade para alimentar os animais e manter os reservatórios em quantidade suficiente de água.
— Mesmo as projeções de chuva que tem vão minguando com o passar dos dias. E é geral. Do meu lado (da propriedade) já tem plantação de soja que morreu toda — diz Silveira.
À medida que a chuva não vem, o produtor tem utilizado feno e aveia para alimentar o gado.
Outro impacto é o preço do boi gordo na saída da porteira. O pecuarista diz que desde março do ano passado vem observando redução no preço pago ao produtor, o que dificulta ainda mais a situação nas fazendas. Segundo Silveira, o quilo do boi gordo está custando R$ 9,50, e o das vacas, R$ 8,20.