A pressão sobre os custos ficou menor em 2022, com o Índice de Insumos para a Produção de Leite Cru no Estado (IILC) fechando o ano com deflação de 1,49%, segundo levantamento da Federação da Agricultura do Estado (Farsul). Esse "refresco", no entanto, está longe de representar um alívio. Primeiro, porque o percentual é pequeno quando comparado à alta cumulada entre janeiro de 2020 e dezembro de 2022, que foi de 115%. Segundo, em razão da receita não ter registrado uma melhora.
— O leite é realmente uma das atividades mais desafiadoras para 2023. Será cercado muito fortemente pela estiagem, com perda de desempenho animal, encarecimento de insumos. E é uma atividade que vem passado por desafios enormes desde que começou a pandemia —avalia Ruy Silveira Neto, economista da Farsul e coordenador do IILC.
Ele acrescenta que enquanto não houver melhora significativa da receita para os produtores, "a maioria vai seguir com a estratégia de 2022 que é cortar custos, trabalhar com animais cada vez mais novos e produtivos e descartar animais mais velhos. Seguirá havendo um enxugamento da produção, observa o economista.
No ano passado, a deflação registrada resultou de fatores como a queda nos valores de fertilizantes, a variação nos combustíveis e a menor volatilidade nos grãos, com o último semestre com os preços reagindo em função das estimativas da safra a ser colhida.
— O pior da pressão inflacionária parece ter dado um alívio, ainda assim, está muito difícil produzir leite —reforça Silveira Neto.