
Divaldo Franco, médium e um dos principais líderes espíritas do Brasil, morreu nesta terça-feira (13), aos 98 anos. Ele lutava contra um câncer na bexiga desde novembro do ano passado e teve falência múltipla dos órgãos.
Na página do Instagram da obra social Mansão do Caminho, idealizada por Franco, uma publicação informou que "retornou hoje à Pátria Espiritual, às 21h45min, o médium, orador espírita e embaixador da paz no mundo Divaldo Pereira Franco aos 98 anos. Divaldo dedicou sua vida à Causa Espírita e ao amor ao próximo em Salvador e no mundo."
De acordo com a publicação, o velório será realizado no Ginásio da Mansão do Caminho, em Pau da Lima, na Bahia, das 9h às 20h desta quarta-feira (14). O sepultamento ocorrerá na quinta-feira (15), às 10h, no Cemitério Bosque da Paz.
Divaldo Franco esteve em Caxias do Sul por diversas vezes. Em novembro de 2004 palestrou no antigo Teatro de Lona da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Em 2009, retornou à cidade. Já em novembro de 2015, o médium esteve em Caxias para uma conferência pública nos pavilhões da Festa da Uva. No evento, Divaldo palestrou sobre a doutrina espírita. Em entrevista ao Pioneiro, além de fazer um panorama da crise econômica e social no Brasil, também teceu sua visão sobre mortes coletivas em tragédias e a banalização da vida.

Segundo o embaixador da paz, as pessoas mediocrizam os valores éticos por causa da necessidade imediata do prazer e da falta do autoamor.
— Para desfrutar o prazer e o gozo nós investimos tudo, mesmo que não queiramos pagar depois o preço que isso nos exige — ressaltou na ocasião.
Ao final da entrevista, Divaldo Franco deixou uma mensagem de esperança para as pessoas que passam por dificuldades:
— Que ame, começando o autoamor. Começando a não se desvalorizar, porque são ciclos. Há muita discussão em torno da evolução, uns dizem que a evolução é uma vertical, outros dizem que é uma sinuosa, outros dizem que é uma inclinada. Eu adoto o tipo da sinuosa. Nós estamos no ponto zero, começamos a ter cultura, a desenvolver sentimento intelectomoral, então ascendemos, mas como a vida é muito curta para aprendermos muito, fazemos uma pequena subida e paramos. Enquanto estamos assimilando, alguns valores se perdem um pouco, fazemos uma ligeira curva descendente. Através da reencarnação, nós agora começamos um outro ciclo de evolução e vamos ao infinito quando traçamos uma inclinada do ponto inicial a nossa meta. Jung (Carl Jung), o grande neurologista, psiquiatra suíço, dizia que a vida para ter um valor próprio tem que ter um sentido, um objetivo, uma meta. Quem não tem meta, é um peso morto na sociedade e alguém campeando para a autodestruição. A dificuldade financeira é terrível porque ela tira a dignidade, expulsa, torna-nos invisíveis, joga-nos ao chão. Mas autoamando-se haverá sempre uma possibilidade de recomeço. E nunca duvide da proteção de Deus, porque sou teísta, e nunca duvidei da proteção de Deus e cheguei a essa idade provecta — disse.
Divaldo Franco também esteve em Caxias do Sul em 2019. Naquele ano, espíritas e simpatizantes lotaram o Salão dos Capuchinhos para a palestra que teve como tema Luz nas Trevas.
Legado
Divaldo Pereira Franco nasceu em 5 de maio de 1927, em Feira de Santana, na Bahia. Ele foi responsável por mais de 20 mil conferências, realizadas em mais de 2,5 mil e 71 países.
Com mais de 260 obras publicadas e mais de 10 milhões de exemplares vendidos, deixou um legado literário espírita que abrange mais de 200 autores espirituais nos mais diversos temas e gêneros textuais. Médium missionário e multifacetado, Divaldo se tornou um dos maiores médiuns e oradores espíritas da atualidade.
Fundou, ao lado de Nilson de Souza Pereira (falecido em 2013), o Centro Espírita Caminho da Redenção (1947) e a Mansão do Caminho (1952), que hoje constituem um complexo educacional e socioassistencial. São 44 edificações onde são atendidas, diariamente, mais de 5 mil pessoas, entre crianças, jovens, adultos, idosos.
"Tio Divaldo, como carinhosamente é chamado, foi também um pai e educador incansável, tendo adotado mais de 650 filhos, que cresceram nas antigas casas-lares da Mansão do Caminho. Por tudo isso, recebeu mais de 800 homenagens de instituições culturais, sociais, religiosas, políticas e governamentais, pela sua total doação às causas humanitárias", afirma a publicação da Mansão do Caminho.