
O corpo do ex-presidente do Uruguai José "Pepe" Mujica, que morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, deve chegar à Plaza Independencia, onde fica a Torre Executiva — sede do governo —, na manhã desta quarta (14). As informações são do El País.
O governo do Uruguai declarou luto nacional pela morte do líder político até sexta-feira (16).
Por lá, o presidente uruguaio, Yamandú Orsi, junto aos ministros presentes, colocará a bandeira nacional sobre o caixão. Por volta das 10h, a procissão seguirá o caminho até a sede do Movimento de Libertação Nacional (MLN). Depois, seguirá para a sede do Movimento de Participação Popular (MPP) e, então, chegará à casa da Frente Ampla.
Por fim, o cortejo terminará no Palácio Legislativo, onde o velório oficial será realizado no Salão dos Passos Perdidos. A presidente da Assembleia Geral, Carolina Cosse, emitiu um comunicado afirmando que "todos os eventos programados nos salões do Palácio Legislativo estão suspensos até novo aviso". A despedida está prevista para começar às 15h e pode durar até 36 horas, segundo a imprensa local.
O corpo de Mujica deve ser cremado no fim desta semana e as cinzas voltarão para a chácara em que ele vivia, na zona rural de Montevidéu — para serem enterradas sob a árvore em que também está enterrada a sua cadela Manuela.
Diagnóstico
Mujica foi diagnosticado com câncer em maio de 2024 e, nos últimos momentos, estava em "situação terminal". Na segunda-feira (12), a esposa de Pepe, Lucía Topolanski, disse à imprensa local que os médicos estavam fazendo todo o possível para garantir que ele viva a parte final de sua vida "da melhor maneira possível".
Entre setembro e dezembro de 2024, Mujica foi submetido a duas cirurgias para tratar o câncer de esôfago. Apesar de bem-sucedidos, os procedimentos não impediram que o tumor chegasse ao seu fígado.
Em janeiro de 2025, Mujica disse, em entrevista, que estava morrendo devido ao avanço da doença.
Trajetória política
José Alberto Mujica Cordano nasceu em 20 de maio de 1935, em Montevidéu. Seu primeiro partido político, antes dos anos 1960, foi o Nacional. Entre os anos 1960 e 1970, ele passou a integrar o grupo guerrilheiro Movimento de Liberação Nacional - Tupamaros.
Mujica ficou preso durante 14 anos em razão da sua atuação como guerrilheiro durante a ditadura uruguaia (1973-1985). Em 1985, com a anistia e a redemocratização no Uruguai, deixou a prisão.
O político foi um dos fundadores da Frente Ampla, como integrante do Movimento de Participação Popular (MPP). Elegeu-se deputado em 1994 e senador em 1999. Em 2004, foi o senador mais votado.
Em 1º de março de 2005, foi designado ministro da Agricultura, no governo do socialista Tabaré Vázquez. Três anos depois, ele deixou o cargo e voltou para a sua banca no Senado.
Além disso, foi em 2005 que Mujica se casou, oficialmente, com a esposa Lucía Topolansky — também ex-guerrilheira.
Presidência do Uruguai
Ele foi presidente do Uruguai entre os anos de 2010 e 2015.
Durante seu governo, as principais mudanças foram a legalização da maconha e do aborto, além da liberação do casamento igualitário entre pessoas do mesmo sexo.
Com estilo de vida austero e direto, que lhe renderam o apelido de presidente "mais pobre" do mundo — uma afirmação que ele sempre negou —, Mujica se tornou um emblema da esquerda latino-americana e, com sua retórica anticonsumista, conquistou simpatizantes no mundo todo.
Após deixar o poder, desempenhou-se como senador até 2020 — quando renunciou.
Apoio nas eleições de 2024
Nas eleições presidenciais do Uruguai, em 2024, o ex-presidente entrou em cena para pedir votos para seu afilhado político, Yamandú Orsi, no segundo turno. O pupilo de Mujica venceu as eleições e marcou o retorno da esquerda ao poder.