Natural de São Leopoldo, na Região Metropolitana, Giovani Feltes chega ao comando da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul tendo a experiência política como maior ativo. Formado em Direito e Gestão Pública, foi vereador, prefeito, deputado estadual e federal, além de titular da Fazenda no governo de José Ivo Sartori. Sem relação direta com o agro, ele entende que tem pela frente "um desafio gigante" e, para dar conta de administrar setor tão vital para a economia gaúcha, buscará se cercar de técnicos e dos próprios representantes do produtor rural.
Neste domingo de posse (01), Feltes conversou com a coluna sobre as primeiras orientações recebidas para a gestão da pasta. Leia abaixo trechos da entrevista.
O que o senhor traz da experiência na Fazenda que pode ser útil na gestão da Agricultura?
Assumir a Agricultura é igualmente desafiador, como foi na Fazenda. A ideia era traduzir aquele momento econômico para a população, dar-lhes a entender as dificuldades que o Estado estava passando e que, em função disso, medidas nem sempre muito simpáticas eram absolutamente imperiosas. Agora, imagino que o desafio é igualmente gigante, afinal, estamos falando de uma secretaria que tem vinculação direta com metade praticamente do PIB do RS. Se tivermos um trabalho que possamos ser solidários, ajudar a reverberar as dificuldades, tentar minimamente ultrapassar gargalos, é uma forma de facilitação para que o agronegócio possa atuar, avançar. Manter e ampliar o significado e a relevância econômicos no RS.
Como fazer isso?
Obrigatoriamente, terei de buscar conversar com os atores da atividade, com as entidades representantes de todo o setor. Da mesma forma, fico bastante mais tranquilo porque com bom senso, razoabilidade e uma dose de experiência do ponto de vista de gestão pública fico confiante. Porque, assim como na Secretaria da Fazenda, os quadros da Agricultura são de excelência, historicamente reconhecidos na atividade que desempenham nos mais variados setores.
Que orientações recebeu do governador para a pasta?
Avançar ainda mais na proximidade com o meio ambiente, com questões de legislação. Falamos também sobre a questão do carbono negativo, para que se possa uma vantagem, um instrumento importante e de valorização ainda maior do agro. E sobre o que já está acontecendo. Há de se destacar o secretário Domingos, que fez um trabalho da melhor qualidade, que conhece e é do setor, tem formação e mostrou plena disposição de continuar colaborando. Outra situação que se conversou foi sobre ter duas safras. Precisamos criar mecanismos e possibilidades para que isso aconteça efetivamente. É preciso maior volume de reserva de água e, para isso, eventualmente, mexer na legislação, sem comprometer a preservação do ambiente. A questão da irrigação, de se ter recursos para enfrentar isso. E a busca mais vigorosa por mercados, para mais facilidade de exportar produtos.
O senhor já conversou com o titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural?
Ainda não tive oportunidade de conversar com o Santini de forma clara e objetiva sobre essa situação. Conheço o Ronaldo Santini há muitos, muitos anos e tive o privilégio de ter servido como deputado estadual com ele também, então tem uma relação, além de colega de secretariado, pessoal e de parlamentar. A relação política é de muitas décadas.
Há demandas do agro relacionadas com questões tributárias. Como o conhecimento adquirido na Fazenda pode ajudar com isso?
Naturalmente, o governo toma conhecimento, e algumas dessas demandas e entraves fiscais/tributários são desde a minha época (como secretário da Fazenda) e não consneguiram ser necessariamente superadas, em outras, houve avanço inegável. Não tenho dúvida de que essas coisas, com o tempo, vão se ajeitando. Não entro mas na especificidade da coisa por conta de que vamos conversar com as entidades, observar aquilo que é possível, conversar dentro da esfera do governo, nos movimentando para produzir resultados que sejam benéficos para a economia do Rio Grande, do Estado como um todo.