A atenção do agro frente aos anúncios dos nomes a comporem os governos federal e estadual não está, exclusivamente, na Agricultura. Não que esse ministério ou essa secretaria não sejam relevantes, mas porque, no atual contexto, outras pastas têm ocupado um papel igualmente significativo, argumentam representantes do setor. É o caso do Meio Ambiente, com questões intrinsecamente ligadas à atividade produtiva. Em Brasília, o posto volta a ser ocupado por Marina Silva, que comandou o ministério entre 2003 e 2008, primeira e parte da segunda gestão de Lula. No Estado, a secretaria seguirá sob o comando de Marjorie Kauffman.
O retorno de Marina é visto com cautela pelo presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Gedeão Pereira:
— Esperamos que o governo não atrapalhe o desenvolvimento nacional.
No RS, o nome de Marjorie agrada o segmento. Na atual gestão, Meio Ambiente e Agricultura tiveram um canal aberto para tratar de assuntos comuns, sendo a irrigação um deles. Vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS), Eugênio Zanetti entende que a comunicação direta entre as duas pastas precisa existir:
— Tem de ter esse equilíbrio.
Presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), João Francisco Bade Wolf afirma que o produtor “é o maior preocupado com o ambiente”, porque “a natureza estando bem, ele está bem”.
— Se a gente ocupar os espaços, acredito que conseguimos manter essa construção permanente, coletiva, pautada pela questão técnica — projeta Marjorie, sobre a interação com o governo federal.
A indicação do senador Carlos Fávaro para o Ministério da Agricultura tem como ponto positivo apontado por representantes do agro o conhecimento do setor — já comandou a Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja).
— Torcemos para que seja um ministro que dê certo, que lute contra tentações que virão, como a de taxar as exportações — observou Paulo Pires, presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro).
Na Agricultura estadual, Giovani Feltes, titular da Fazenda no governo Sartori, assume o comando, sob a expectativa de que mantenha o diálogo aberto.