Desejo nutrido pela agricultura familiar desde a extinção das pastas, a retomada de um ministério e de uma secretaria voltados ao segmento, ao que tudo indica, é apenas uma questão de tempo e escolha de nomes. E voltou a ser defendida como algo crucial pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS), em seu balanço anual.
– Precisamos ter alguém que cuide exclusivamente das questões da agricultura familiar – disse Carlos Joel da Silva, presidente da entidade.
Uma pasta sozinha, no entanto, não basta para garantir o desenvolvimento do segmento. Sem recursos para as políticas públicas, corre-se o risco de que fique esvaziada.
– Existem limitações de orçamento, mas também gasto onde não precisa. Quando racionalizarmos e investirmos no que é necessário, terá dinheiro para muita coisa – acrescentou o dirigente.
E citou como exemplo o orçamento enviado para o Congresso. Com cortes “em todas as áreas”, mas aumento “de recursos do orçamento secreto e do fundo partidário”. Os R$ 25 bilhões para essas finalidades, pontuou, superam os R$ 16 bilhões para subsídios do último Plano Safra:
– Se não houver planejamento, esse olhar, não faz. Continuaremos criando programas que vão morrer, sem chegar lá na ponta.
No mapa dos desafios atuais apresentados pela Fetag-RS, estão a insegurança alimentar, as mudanças climáticas, os custos de produção, a crise fiscal e o esvaziamento das políticas públicas existentes. No programa de aquisição de alimentos, em que o governo federal compra produtos da agricultura familiar para pessoas em situação de insegurança alimentar, o percentual executado do orçamento previsto para o ano foi de 1,86%. Conforme dados do Ministério da Cidadania compilados pela Fetag-RS, até o momento, foram R$ 12,99 milhões de um total de 699,41 milhões.
– Se a sociedade, o país estão entendendo que o combate à fome é uma necessidade, temos de realocar recursos. E a agricultura familiar tem a resposta para esse problema – reforçou Agnaldo Barcelos da Silva, tesoureiro da Fetag-RS.
No Estado, a federação sugere, entre outras coisas, a retomada de um Plano Safra estadual e um planejamento de curto, médio e longo prazo para ações de fomento da atividade.
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