Uma das bandeiras que o Rio Grande do Sul levará para a Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas (COP27) é a da necessidade de desenvolver e validar métodos “tropicais” para o cálculo das emissões de gases. O principal argumento é o de que os modelos existentes têm como base a realidade produtiva do Hemisfério Norte, distinta da verificada no Brasil. O que implica em particularidades não retratadas nas medidas feitas. É o que argumenta a secretária estadual do Meio Ambiente, Majorie Kauffmann, que estará na comitiva gaúcha que participará do evento, no próximo mês, no Egito.
— Os modelos foram desenvolvidos principalmente para o Hemisfério Norte, onde tratam, por exemplo, a pecuária como gado confinado. Então, têm valores de emissão por cabeça de gado nesse sistema e isso desconsidera toda o potencial de captura do pasto nativo — explica Marjorie, doutora em Geociências.
E é com a ajuda da tecnologia que se pretende chegar ao método que permita calcular não só as emissões, mas o sequestro de carbono, gerando um balanço final — para traçar as metas a partir desse ponto.
— O Brasil e o RS têm vários ambientes que são muito potenciais na captura desses gases (emitidos). O que interessa é o que sobra disso tudo, é o resultado, o balanço, o residual. As emissões devem ser neutralizadas e reduzidas considerando essa taxa — reforça a secretária.
Além disso, deverão ser reforçadas nos painéis as práticas já adotadas no Estado e no país da chamada agricultura de baixo carbono. Como a técnica do plantio direto (manutenção da palhada pós-colheita) e a rotação de culturas, entre outros itens.
— O plantio direto é uma tecnologia mitigadora. O manejo adequado de pastagens é o grande contraponto às emissões de gases — destaca Davi Teixeira dos Santos, zootecnista, diretor de Novos Negócios e Sustentabilidade da SIA.
O tema é um dos que estará em discussão no Universo Pecuária, que ocorre entre 1º e 6 de novembro, em Lavras do Sul.
Também na missão à COP27, o secretário de Agricultura do RS, Domingos Velho Lopes, reforça que ter uma metodologia é essencial para tornar viável, na prática, o mercado de carbono:
— Só com isso será possível certificar, e aí, monetizar. No momento que tu monetiza, tu populariza.