A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A chamada agricultura de baixo carbono tem encontrado um terreno fértil no Rio Grande do Sul. Entre as safras 2010/2011 e 2021/2022, o Estado absorveu quase 9% do crédito liberado para financiar projetos com essa pegada. No período, foram cerca de R$ 1,9 bilhão, 5 mil contratos e abrangência de quase 1 milhão de hectares. Investimentos que podem ser vistos na prática. Hoje, os gaúchos ocupam a terceira posição no ranking nacional de maior uso do sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), com 2,2 milhões de hectares, aponta o engenheiro florestal da Secretaria Estadual de Agricultura Jackson Brilhante, coordenador do Comitê Gestor do Plano ABC+ RS.
São histórias como a da Fazenda Itapevi, de Cacequi, na Fronteira Oeste, que em 2005 resolveu adicionar floresta e pecuária à produção de soja.
– Sofri vários anos seguidos com quebra de safra por seca, que é ainda mais severa na região em função do solo, que é muito arenoso. Percebi que era muito risco continuar só com soja – conta o proprietário Otavio Paiva.
Hoje, com 200 hectares de floresta de eucalipto e 500 cabeças de gado associados, está mais do que satisfeito. Nos próximos anos, planeja integrar toda a propriedade no sistema – já que conta com mais 1,5 mil animais –, comercializar a proteína com a certificação Carne Carbono Neutro e rentabilizar o sequestro de carbono pelas florestas plantadas. Atualmente, a Embrapa está fazendo visitas técnicas na sua propriedade para essa medição.
– Precisamos fazer algum tipo de balanço desse sequestro de carbono com base em cada prática adotada para termos como rentabilizar no futuro. E também avançar em licenciamentos ambientais, que muitas vezes, funcionam como entraves – pondera o coordenador do Comitê Gestor do Plano ABC+ RS.