Obras de ficção, as novelas brasileiras costumam apresentar em seus enredos boas pitadas de realidade. Na recém encerrada Pantanal, uma das atividades retratadas nas fazendas do protagonista José Leôncio é também uma tendência na atividade produtiva brasileira. É o sistema de integração entre lavoura, pecuária e floresta (chamado de ILPF). Para representantes do setor florestal do Estado, o sistema é a “bola da vez” no agro.
Na vida real, o ILPF ganhou destaque principalmente pela possibilidade de gerar renda com o mercado de carbono, algo que vem se desenhando como promissor no atual cenário.
— O carbono é a salvação da lavoura, da pecuária e do Brasil — resumiu Roberto Giolo de Almeida, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, em seminário sobre o tema realizado durante a Expofeira de Pelotas.
Na ocasião, ele apresentou dados de pesquisas que mostram o potencial de sequestro de carbono das florestas plantadas: até 23 toneladas de gás carbônico por hectare ocupado com a pecuária — 20 vezes mais do que o consórcio lavoura-pecuária. Outra vantagem apontada é a garantia de pastos de qualidade o ano todo, inclusive em períodos de estiagem, e conforto térmico ao gado, por meio da geração de sombras.
— Nós estamos com uma possibilidade imensa de sequestrar carbono, melhorar a qualidade do nosso clima e fazer com que o gado sofra menos e produza mais — salienta Paulo Benemann, presidente da Associação Gaúcha de Florestadores (Agaflor).
Saiba mais
- Estima-se que o sistema produtivo que integra lavoura-pecuária-floresta (ILPF) chegue a 17 milhões de hectares no Brasil, segundo a Agaflor
- O RS tem quase 999 mil hectares de florestas plantadas, segundo o IBGE, mas não há dados específicos sobre a integração. No país, são 9,5 milhões de hectares com florestas plantadas
- Na pesquisa, a Embrapa tem uma série de trabalhos sobre o tema, incluindo na unidade de Bagé
*Colaborou Carolina Pastl