A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O papel do engenheiro florestal vai além do cuidado com as florestas e passa por um segmento que figura entre os principais destaques do comércio internacional gaúcho, com a produção de celulose. A integração desse mercado com ações sustentáveis é uma das atribuições de Bruno Morales, que trabalha há 16 anos como engenheiro florestal do Grupo CMPC. Lotado na unidade de Guaíba, ele roda o Rio Grande do Sul de ponta a ponta em torno do potencial gaúcho para a silvicultura. Espaço este que, segundo o profissional, tem lugar para crescer.
– Temos uma tremenda oportunidade de complementar a matriz produtiva, assim como a agricultura, a pecuária, e todos os outros setores envolvidos. A silvicultura é uma alternativa – avalia Morales.
Saiba mais sobre o trabalho do profissional na entrevista a seguir:
Qual a sua formação e o que o levou para essa área?
Sou formado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no curso de Engenharia Florestal, onde fiz pós-graduação também. Sou natural de Bagé e tinha muitos amigos e pessoas próximas da família atuando como agrônomos e veterinários. Gosto muito da parte agrária, da produção, e pensei o que eu poderia fazer de diferente. Então surgiu o curso de Engenharia Florestal. Tive conhecimento em uma feira, e acabei fazendo um teste vocacional que também me direcionou para esse curso. Pesquisei e foi de encontro ao que eu almejava, ou seja, dentro das agrárias, mas com uma visão diferente.
Qual o potencial para a silvicultura no RS?
Temos uma tremenda oportunidade de se complementar a matriz produtiva, assim como a agricultura, a pecuária, e todos os outros setores envolvidos. A silvicultura é uma alternativa. E para florestas plantadas, o nosso Estado tem condições climáticas e de solo muito propícias ao desenvolvimento, sempre dentro dos critérios de sustentabilidade e de acordo com a legislação vigente.
Há espaço para crescer? Quais regiões seriam?
Sim, acreditamos que existe espaço, sempre ocupando o melhor uso do solo dentro dos parâmetros ambientais. Temos regiões onde a silvicultura é uma alternativa pensando em ser viável economicamente, como a parte Central, a Metade Sul, a região Oeste... E a própria região Norte, ou na serra gaúcha, com a cultura de pinos. Temos espaço, sim, para a silvicultura continuar crescendo.
As pessoas têm buscado saber mais sobre a cultura nos últimos anos?
Sim. Notamos que as pessoas já entendem, dentro da paisagem, digamos, a silvicultura como uma alternativa nos diferentes âmbitos. Entendem pelo próprio ciclo de expansão de floresta no Estado, o que é silvicultura e, principalmente, estão entendendo melhor as condições ambientais da floresta, o que ela contribui e os efeitos que ela tem realmente sobre o ambiente.
Como engenheiro florestal da CMPC, quais as suas atribuições e em que projetos está envolvido?
Hoje, sou gerente de operações florestais na CMPC, sempre procurando integrar as operações em ações sustentáveis dentro do panorama que é necessário. Levando em consideração as pessoas, parceiros comerciais, prestadores de serviços, empresas parceiras e comunidades em torno dos nossos projetos.
Com o meio ambiente cada vez mais em pauta, qual a importância de um profissional desta área nas empresas?
O engenheiro florestal tem uma visão de sustentabilidade outra, que não é focada só na economia, mas junto com a formação também tem treinamento para trabalhar a parte social e técnica, e isso prepara o profissional para atuar. Hoje, o mercado é global com madeira e celulose. Podemos estar atendendo tanto ao mercado interno quanto o externo, e o profissional da Engenharia Florestal tem toda essa qualificação técnica. Necessitamos sempre trabalhar com pessoas e isso é fundamental para alguém que está iniciando na área.
Como é o dia a dia do trabalho?
Temos agendas de reunião para tratar de negócios e de contratos, e acompanhamos in loco as atividades de colheita, da silvicultura, do transporte, do carregamento e das estradas. Giramos pelo Rio Grande do Sul inteiro. Temos ativos em mais de 60 cidades e vamos dando ênfase conforme a nossa programação de atividades para manter o fluxo e o atendimento da unidade de Guaíba. Tudo dependendo da demanda de transporte em estradas, pensando no planejamento, interagindo com o pessoal da empresa e o nosso programa de fomento, o RS+Renda, onde também estamos muito atentos à abrangência em diferentes comunidades e regiões.
Que outras atribuições um profissional desta área precisa ter?
É importante a formação técnica, ser capaz de conectar o manejo das florestas com os critérios de sustentabilidade. Hoje, a informação está nos meios, dá para procurar e buscar interação com outras regiões, outros players e buscar centros de referência. Para quem está começando, principalmente, é importante investir em um estágio para visualizar o que se aprende na academia de modo objetivo e prático.
As exportações de celulose estão entre os principais produtos de pauta no Estado. No que o seu trabalho ajuda a impulsionar esse segmento no Rio Grande do Sul?
Para produzir a celulose, começamos com a realização das mudas, da silvicultura, da colheita e do transporte. Para termos um processo efetivo, precisa-se ter um perfeito alinhamento entre a área florestal e a industrial, ou seja, otimizarmos a nossa matéria-prima. O meu trabalho está ligado, junto com todo o time, a atender o nosso cliente, que hoje é a fábrica. Para isso tornamos os nossos processos mais eficientes, ou seja, fazer mais com menos, contribuindo para que tenhamos lugar cativo e atendendo toda a parte de sustentabilidade. A CMPC tem certificações e isso é uma porta de entrada nos mercados de exportação. Uma garantia que vira um diferencial.