A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A relevância do rebanho gaúcho dentre os principais plantéis brasileiros tem atraído investimentos que vêm de fora do Estado. O mais recente deles parte de um dos principais grupos de confinamento do país, o MFG Agropecuária, que está expandindo sua operação para o Rio Grande do Sul. A nova unidade fica em Eldorado do Sul, na região metropolitana da Capital, e desde o início de julho está captando animais.
— A gente quer ser a estância do parceiro fora da estância dele. Ou seja, o criador vai ter uma área de engorda fora do seu campo, que pode ser usada para estratégia dele, para aliviar as pastagens e fazer esse animal com um ciclo menor — conta Vanderlei Finger, gerente geral de compra de gado da MFG.
A unidade de confinamento opera com dois modelos de parceria de engorda, explica Finger. O primeiro funciona por quilos de carcaça ganha. Os animais são pesados ao chegar, e, ao final, é cobrado um valor por quilo de carcaça produzido.
A outra modalidade é diária, com a cobrança de um valor fixo por dia durante o período em que o animal permanecer no confinamento para engorda, como se fosse uma hospedagem de engorda — não por acaso chamada de “boitel”.
A estrutura em Eldorado do Sul tem capacidade para confinar até 5 mil bovinos. A empresa arrendou terras na Fazenda Jaguaretê para tocar a operação.
A escolha pelo Estado e a região próxima a Porto Alegre tem fins estratégicos de logística, sobretudo pela maior proximidade com frigoríficos da Marfrig em São Gabriel, em Bagé e em Alegrete (a MFG Agropecuária é uma das empresas de Marcos Molina, fundador e CEO da companhia de alimentos). Futuramente, a empresa de confinamento estuda expansão em outra unidade ainda mais próxima desses locais.
Com o desembarque no Sul, são oito unidades do grupo em funcionamento (as demais ficam em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás). A meta do grupo é encerrar 2022 com a marca de 270 mil cabeças confinadas. Para 2023, a projeção é de 350 mil animais.
Para Finger, há espaço para a pecuária de confinamento crescer no Rio Grande do Sul, mesmo o Estado possuindo áreas tradicionais de criação de gado no pasto.
— Para o gaúcho, é uma ferramenta extremamente estratégica. Ele tem as áreas de campo, mas tem momentos que precisa retirar os animais ainda não preparados para o abate, tendo que vender por um preço menor porque não tem área para finalizar a engorda. Mesmo nas épocas que tem campo, ele pode aumentar a rotação, fazendo um animal mais jovem, mais leve, preparando para o confinamento, tendo uma rotatividade maior de animais dentro da propriedade, e com isso uma lucratividade maior também — avalia o gerente geral da MFG.