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Referência em produção de qualidade e com apetite mais voraz do que a média nacional, o Rio Grande do Sul também vem tendo o mercado de carne bovina afetado pela conjuntura econômica. Um dos efeitos relatados é a ociosidade no processamento — verificada em outras regiões do país, chegando a até 60% em plantas do Mato Grosso, por exemplo.
Segundo o Sindicato das Indústrias de Carne do RS (Sicadergs), no Estado há um recuo de 30% em relação à média semanal de abates, de 45 mil cabeças. O presidente da entidade, Ronei Lauxen, diz que para equilibrar despesas há ajustes na atividade, como redução do número de dias em que há processamento ou dando férias coletivas.
— Estamos espremidos por duas situações: baixa oferta de bovinos para abate, o que valoriza o produto, e consumo em queda. Hoje, uma indústria exportadora tem condições muito melhores de sobreviver, porque consegue buscar rentabilidade no mercado internacional — pondera.
Para o dirigente, se a situação persistir por muito tempo, há risco de "demissões e fechamento de plantas". Com o consumo em baixa, acrescenta, ampliou a ociosidade de 20% que já existia em relação à capacidade instalada.
Antônio Cesa Longo, presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), observa que, sem renda para acompanhar, o consumidor se retraiu com a alta da carne bovina — 35% no preço médio em um ano. As vendas, acrescenta, caíram 20%:
— E ele segue retraído.
Em relação à oferta de animais, Júlio Barcellos, coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte (Nespro) da UFRGS, entende que houve melhora na eficiência da atividade. O gado passou a vir de outros sistemas de produção, que não só o campo nativo. Antes com safra e entressafra bem marcadas, a disponibilidade passou a ficar mais uniforme ao longo do ano:
— Aquele peso que o campo nativo tinha de ampliar a oferta neste período do ano, diminuiu.
Dados do Nespro com base nas guias de trânsito animal emitidas no RS apontam recuo, de 2,5%, no número de cabeças abatidas no primeiro trimestre sobre igual período de 2020. O coordenador ressalta que a estrutura das indústrias no RS vem do tempo que o rebanho bovino era de 15 milhões de animais. Hoje, são 12 milhões.
— Estamos produzindo mais carne com menos animais — reforça Barcellos.
Puxada a novos patamares de preços no final de 2019, por conta especialmente da demanda chinesa, a pecuária vive um momento diferente daquele de anos de prejuízo.
— O produtor está vendo uma segurança no cenário futuro, então ele espera preço — pontua Pedro Piffero, coordenador da Comissão de Pecuária da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).