Em linha com a conjuntura atual, os dados apresentados pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul) não poderiam deixar de fora aquela que tem sido a preocupação máxima do momento. Minha, sua e também do produtor rural: a inflação. E, embora a perspectiva é de que no próximo ano o IPCA fique menor do que neste, em 6%, ainda é acima do teto da meta. Neste ano, o acumulado deve fechar nos dois dígitos: 10,17%.
A alta de preços também afeta a agricultor em patamares expressivos. No acumulado de 12 meses, o índice dos custos de produção subiu 41,10%. Em igual período, o índice de preços recebidos teve alta de 0,6%. Mas é o que vem pela frente que acende o sinal de alerta.
– Saímos de uma safra 19/20 impactados pela seca. A 20/21 ficou na história, tivemos duas correntes, a grande safra, com preços muito bons, do mel ao arroz, passando pelo milho pelo trigo. E a 21/22, em relação custo-benefício, ainda é razoável – avaliou o presidente de entidade, Gedeão Pereira.
Para 2022, a certeza que se tem, por ora, é a de que os valores despendidos para a implantação das lavouras e para a pecuária serão maiores.
E terão de ser absorvidos por um Brasil em que a renda per capita (paridade de poder de compra) está US$ 14,06 mil, igual patamar ao de 2009 e abaixo do mundial, de US$ 16,13 mil.
– Como a carne não vai estar cara, o feijão, a energia elétrica, comparados com a renda baixíssima que o Brasil está vivendo – questionou Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.
Soma-se a isso a apreensão com as perdas já evidentes na cultura do milho no Estado. Embora ainda não estejam mensuradas nas previsões – que apontam para uma safra 1,8% maior em volume no ciclo atual – têm potencial para afetar os resultados positivos previstos, como o aumento de 4,82% no valor bruto da produção de grãos, com R$ 77,1 bilhões.
– Estamos trabalhando dentro de potencial. O que acontece no Estado ( no momento) não vem ao encontro da nova safra recorde. O produtor fez o que podia, mas não controlamos o clima e nem as decisões que impedem uma maior superfície irrigada – acrescentou Luz.
Sobre esse assunto, o presidente da Farsul voltou a afirmar que questões ambientais, tanto no norte quanto no sul, permanecem como entraves ao avanço da irrigação no Estado.