Em uma avaliação de vinhos, em que o paladar e o olfato são ferramentas essenciais dos jurados, não dá para ficar de máscara. É preciso levar a taça à boca para que a bebida possa ser apreciada. Por conta disso, os organizadores do Brazil Wine Challenge, que iniciou nesta terça-feira (13 ) e segue até a quinta-feira (15), em Bento Gonçalves, na Serra, precisaram reforçar protocolos para garantir que os 57 avaliadores façam as degustações com toda a segurança.
A regra número um é retirar a proteção somente no momento em que o jurado se sentar à mesa. Além disso, enólogos, sommeliers e jornalistas que integram o júri fazem rodízio para degustar a bebida às cegas. Apenas 30 ficam no local a cada dia de avaliação, junto com equipe reduzida de garçons e de representantes da Associação Brasileira de Enologia (ABE), organizadora da prova. O espaço em que ocorre o evento tem 400 metros quadrados, e os avaliadores estão separados em seis grupos. Cada grupo conta com cinco mesas, individuais para cada um avaliador. Todas estão a dois metros de distância umas das outras.
- É como em um restaurante. A diferença é que, no restaurante, tu sentas de frente para outra pessoa e a distância não é de um metro e meio como determina a lei - explica o enólogo Daniel Salvador, presidente da ABE.
Ele acrescenta que as taças de cristal não são reutilizadas durante o mesmo dia de avaliação, passando por higienização após o término. A comunicação das notas é feita via computador. Antes, durante e após cada dia de concurso, o local é higienizado. Nas áreas de uso comum, as medidas já conhecidas devem ser tomadas: distanciamento entre as pessoas e uso de álcool em gel. Portas e janelas abertas garantem a ventilação do espaço.
O Brazil Wine Challenge é o único no país com chancela da Organização Internacional da Vinha e do Vinho e da União Internacional de Enólogos. O total de amostras deste ano é o maior desde a primeira edição do Brazil Wine Challenge: são 774 vinhos vindos da África, Alemanha, Argentina, Austrália, Áustria, Bolívia, Brasil, Bulgária, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Marrocos, Portugal e Uruguai.
Já no primeiro dia, quatro rótulos tiraram nota 93 ou acima, o que significa que vão ganhar o prêmio máximo do concurso. O anúncio é feito de forma diferente, sem que se saiba o produtor e o local de origem: quando um vinho alcança a faixa mais alta de notas, os membros do júri que avaliou batem palmas.
A variedade de países também se dá entre os degustadores, que são da Bolívia, Brasil, Chile, França e Itália. Apenas quatro precisaram viajar para o Brasil, os outros já moram ou estão no país desde o início da pandemia.
*Colaborou Isadora Garcia