A presença do churrasco na mesa dos gaúchos em meio à pandemia tem ajudado a sustentar os preços da carne. Levantamento feito pelo Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro) da UFRGS mostra a valorização dos cortes de costela e alcatra. Na comparação entre o final de março e a metade de junho, ambos acumulam altas de 36,36% e de 8,81% (veja acima). E aponta evolução do preço médio do boi gordo no Estado – verificada também no país.
A explicação tem diferentes ingredientes. As exportações, que em 2019 embalaram recordes e marcaram virada, depois de anos de desvalorização da pecuária, seguem firmes, ajudando na sustentação de preços.
– Estamos vivendo já o período de entressafra, no Rio Grande do Sul, e no resto do país, onde iniciou período mais seco – explica Júlio Barcellos, coordenador do Nespro.
No Estado, há outros fatores a serem considerados. A alta na costela, acrescenta o coordenador do Nespro, reflete o consumo – o corte apreciado para o churrasco não é tão caro quanto a picanha. Outra observação é a de que muitos consumidores têm optado pela compra em casas de carne, para evitar maiores aglomerações.
Em relação às grandes redes, esses estabelecimentos têm menos espaço para negociar ofertas.
A tendência é de preços em alta até julho e posterior estabilidade, projeta Barcellos. Presidente da Comissão de Pecuária da Farsul, Pedro Piffero reforça:
– Se seguir a demanda da exportação e não entrar gado de outras regiões do Brasil, como agora, o preço tende a subir.
A ampliação da oferta para abate no Estado – e a redução de preços – costuma ocorrer a partir de setembro, quando são liberadas áreas de pastagens para a soja. Neste ano, a estiagem pode alterar esse cenário porque afetou pastagens e campo nativo. Piffero diz que há gado de campo nativo que precisou ser terminado em pastagens, em quantidade não conhecida. E que agora começa a ficar pronto.