Com as exportações em alta e novas habilitações concedidas, a indústria de carne bovina vive um momento de valorização. É o que afirma a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). Segundo a entidade, o aumento de preços da proteína vem sendo registrado desde agosto. E reflete um cenário de maior demanda mundial pelo produto brasileiro, associada à oferta reduzida. Habitualmente, 20% da produção é destinada ao mercado externo. Neste ano, o percentual deverá ficar maior, por conta de China e Rússia que voltaram a credenciar unidades — e há a sinalização do Ministério da Agricultura de que nova leva chinesa está por vir. Também surgiram novos compradores, como Turquia e Indonésia.
— Neste espaço de tempo de três meses, os preços da carne bovina evoluíram 25%, e não há como deixar de repassar essas elevações ao consumidor, pelo menos enquanto a oferta de bois continuar restrita, o que deverá se manter por algum tempo como consequência do aumento das exportações — afirma Péricles Salazar, presidente da Abrafrigo.
Presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Antonio Camardelli reforça que as perspectivas para os embarques de 2020 continuam bastante otimistas porque os grandes importadores mundiais são compradores de carne tipo ingrediente e culinária, demanda que pode ser atendida pelo Brasil. O país também está buscando mercados gourmet.
Em relação ao Brasil, O Rio Grande do Sul tem características peculiares. O gado vai para engorda em pastagem de inverno. Isso faz com que em setembro ocorra a chamada pressão da soja: áreas com animais precisam ser liberadas para a cultura de verão. Então, a oferta cresce e o valor cai. Fernando Velloso, da FF Velloso & Dimas Rocha Assessoria Agropecuária, observa que nas últimas semanas já há uma reação do preço do boi gordo no Estado.
— Normalmente, a alta da cotação se dá de novembro em diante, em razão da redução de oferta e do aumento de consumo, no final do ano. O que está mudando neste ano, é que o preço começou a subir antes. Em outubro costumava se manter — acrescenta Dirceu Nöller, engenheiro agrônomo da Emater do escritório de Cachoeira do Sul, que há oito anos acompanha semanalmente os valores do boi gordo no município.
Na cidade, neste ano, o valor do quilo vivo caiu para R$ 5,12 em setembro. E agora já se recuperou, alcançando R$ 5,27, embora ainda esteja abaixo do pico do ano, que foi de R$ 5,71.
— Hoje fala-se em recuperação de preço, baseado na demanda de exportação. Em linhas gerais, há expectativa positiva para 2020 — completa Velloso.
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