O jogo já começou, e o Brasil entrou em campo, como afirmou o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o início das negociações para aproximação comercial com os Estados Unidos. Mantendo a analogia com o futebol, poderia se dizer que são os segundos iniciais da partida, quando ainda não é possível ter clareza da evolução dos times e do resultado final. Na condição de quem comanda um setor que é craque, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, avaliou que essa abertura levaria o país “a outro patamar”.
Para o pesquisador do Centro de Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV) Felippe Serigatti estamos ainda no terreno especulativo sobre benefícios de eventual tratado:
— Não temos a menor ideia do que vai ser acordado, mas acho que pode ser bem interessante para o universo agro brasileiro.
No encontro da equipe econômica brasileira com o secretário de Comércio americano, Wilbur Ross, na semana passada, ficou acertado que o Brasil trabalhará em duas frentes. Uma enquanto integrante do Mercosul, esfera em que podem ser tratadas questões tarifárias. Outra, de forma individual, em itens como facilitação de comércio, convergência regulatória e propriedade intelectual.
Brasil e Estados Unidos são grandes players internacionais — e concorrentes diretos — no agronegócio, com produções exponenciais e liderança em exportações. Para Serigatti, essa disputa se dá no comércio global, razão pela qual eventual abertura dos mercados internos não deve ser vista com preocupação.
Para Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, um acordo com os americanos poderia ser vantajoso para as indústrias de carne suína. Com a partida recém iniciada, talvez o maior desafio do Brasil seja marcar posição.
— Em linhas gerais, acordo de livre comércio é bom, embora no curto prazo possa haver mortos e feridos de ambos os lados — completa Serigatti.