Um acordo de livre-comércio entre o Brasil e os Estados Unidos não pode destoar de aliança do Mercosul com europeus, disse o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, em evento da Câmara americana de Comércio para o Brasil nesta terça-feira (30).
— É importante que nada nesse acordo (com europeus) seja contraditório com um acordo com os EUA. Por exemplo, nós temos questões com a UE sobre padrões no setor automotivo, farmacêutico e alimentício — disse o secretário.
Ross alertou também sobre possíveis armadilhas em resolução fechada com a União Europeia (UE).
— Tomem cuidado antes de acertar o acordo para ter certeza que não há nenhuma "pílula com veneno" nela.
Ainda segundo o secretário, a discussão sobre um livre-comércio com os EUA só vai começar após os países avançarem em outros pontos.
— Desde a visita de Bolsonaro a Washington, nós nos movimentamos nessa direção (de um acordo). Mas há questões antes disso. Nós nunca finalizamos um acordo bilateral de investimento. Então há muito o que se fazer no diálogo comercial antes do livre-comércio — disse o secretário.
Nesta terça-feira o presidente americano, Donald Trump, anunciou que vai trabalhar por um acordo comercial com o Brasil.
— Vamos trabalhar em um acordo de livre-comércio com o Brasil — disse Trump a repórteres na Casa Branca sem dar mais detalhes.
Apesar da sinalização, corroborado pelo secretário americano, ainda não há previsão de quando isso deva ocorrer.
Em evento desta terça-feira, Câmara americana entregou a Wilbur Ross o documento "Brasil-EUA: 10 propostas para uma parceria mais ambiciosa".
Entre as medidas defendidas para aprimorar a relação comercial Brasil-EUA está o acordo gradual de livre-comércio entre os países.
A proposta da Câmara americana para uma parceria comercial, no entanto, deixará para um segundo momento a questão tarifária.
De acordo com o documento, a ideia do acordo comercial é focar inicialmente em negociações de facilitação de comércio eletrônico, serviços, compras públicas, investimentos, barreiras técnicas, sanitárias e fitossanitárias.
Um acordo com tarifas foi defendido pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, na segunda-feira (29), após encontro com o secretário americano.
— Temos que ter, sim, um acordo de livre-comércio, incluindo as tarifas. Pode ser discutido e ter um cronograma, mas tem de ter tarifa — afirmou Skaf na ocasião.
Outra medida do programa é voltar a trabalhar em um acordo para evitar a bitributação de lucros, dividendos e royalties.
O apoio do governo americano para o processo de adesão do Brasil à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) também foi colocado como medida para estreitar a parceria entre os países.