Ao melhor estilo de último capítulo de novela, quando são reservados os grandes desfechos positivos da trama, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou em vídeo a abertura do mercado mexicano para o arroz produzido no Brasil. A gravação foi feita em Niigata, cidade japonesa onde a titular da pasta participava da reunião dos ministros de agricultura do G20.
– Quero dizer da felicidade dos nossos produtores de arroz, principalmente do Rio Grande do Sul, que esperavam por essa oportunidade de exportar arroz para o México. Recebemos o feijão mexicano para completar o nosso prato principal – diz Tereza Cristina no vídeo, em relação à contrapartida de que o Brasil compre feijão mexicano.
De fato, a abertura desse importante mercado é aguardada há anos pelo setor. Lá em 2013, a Associação Brasileira da Indústria de Arroz (Abiarroz) fez a primeira solicitação à Secretaria de Relações Internacionais do ministério para que buscasse abrir as portas.
Por um motivo simples: com 120 milhões de pessoas, o México importa 80% do arroz que consome –compra cerca de 800 mil toneladas/ano. A participação deve ser inicialmente pequena. Mas são as possibilidades que tornam alvissareira a informação.
– Poderemos até começar com volume menor, mas a expectativa é de que, pela qualidade do nosso arroz, se consolide a exportação para lá – entende Alexandre Velho, vice-presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz-RS).
A opinião é compartilhada pelo diretor-executivo do Sindicato da Indústria do Arroz (Sindarroz) e ex-diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz, Tiago Barata, que participou de capítulos dessa novela. Ele entende que a qualidade do produto será decisiva para fortalecer o mercado.
O sinal verde dado agora é para o arroz beneficiado. O produto em casca já tem autorização, mas a viabilidade dos embarques esbarra ainda em regras fitossanitárias do México. De toda forma, o efeito positivo da conquista anunciada é reconhecido pelo setor:
– Com escoamento do arroz beneficiado, você tem menos pressão de oferta e permite mais rentabilidade na cadeia – avalia Andressa Silva, diretora-executiva da Abiarroz.
Com o final feliz anunciado, a novela mexicana encara agora o desafio da vida real. Um primeiro teste poderá vir já amanhã, na Expoarroz, em Pelotas. O evento terá a presença de um dos principais importadores mexicano. Porque uma coisa é abrir as portas. Outra é entrar dentro de casa.