Foi colocando mais arroz no prato estrangeiro que o mercado brasileiro encontrou medida capaz de revigorar os preços do cereal. E o reforço foi grande. Dados das exportações do agronegócio gaúcho analisados pela assessoria econômica da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) mostram que nos 10 meses de 2018 a quantidade embaracada cresceu 115%. Ao mandar o produto para fora, foi possível enxugar um pouco os elevados estoques existentes dentro de casa.
A saca de 50 quilos começou o ano valendo R$ 36,76. Engatou uma primeira e chegou ao auge em setembro, com R$ 45,53, segundo a Esalq-Senar-RS. Analista de Relações Internacionais da Farsul, Renan Santos diz que boa parte desse resultado expressivo nas exportações tem relação com os leilões feitos pelo governo federal (PEP e Pepro):
– O objetivo era melhorar o preço. Foram realizados na época em que o cereal era colhido para tirar o excesso de oferta. Muito desse arroz que foi embarcado estava estocado.
Números compilados pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) mostram volume ainda maior, de março a outubro de 2018 (o ano comercial vai de março a fevereiro): 1,08 milhão de toneladas, a maior quantia no acumulado desses meses desde 2012/2013. Grande parte é em casca: 483,9 mil toneladas.
Para ganhar mais espaço no mercado externo, o arroz beneficiado no Estado precisa ser mais competitivo, superando gargalos como custo e logística, avalia Elio Coradini Filho, presidente do Sindicato da Indústria de Arroz do Estado (Sindarroz):
– Temos o famoso custo Brasil, que faz com que cheguemos a um valor de matéria-prima ajustado no mercado internacional.
Dos muitos pontos que precisam melhorias, um é a estrutura para o embarque. O Estado só consegue exportar produto a granel (porque não tem o equipamento necessário para despachar o produto ensacado, o ship loader), o que restringe os possíveis destinos.