Após um janeiro de chuva acima da média e calor excessivo no Rio Grande do Sul, características da atuação do fenômeno El Niño, o mês de fevereiro deverá ter mudança de tempo. Segundo o meteorologista Caio Guerra, da Somar Meteorologia, o grande volume de precipitações que provocou perdas nas lavouras de arroz e soja, principalmente na Fronteira Oeste e Campanha, não se repetirá e as temperaturas ficarão mais amenas.
— Embora não se tenha ainda posição final sobre El Niño, já que as águas do Pacífico não se mantiveram quentes o suficiente, os indicativos da atuação do fenômeno em janeiro foram bem evidentes, com muita chuva e atmosfera aquecida no sul do país – explica Guerra.
Em fevereiro, quando boa parte das lavouras de soja entra no período de enchimento de grãos, a previsão é de uma primeira quinzena mais úmida, seguida de uma segunda mais seca – com precipitações se deslocando para outras regiões do Brasil.
Para o oeste e sul do Estado, onde a média de chuva em janeiro atingiu 400 milímetros (mais de 100 milímetros acima do índice histórico), a previsão para fevereiro é de que o acumulado fique abaixo da média (de 100 milímetros). Isso preocupa, já que esse período é crucial para a soja, justamente em uma região já prejudicada pelas adversidades climáticas. No norte gaúcho, a estimativa é de normalidade, seguindo a média histórica de 170 milímetros para o mês.
Até agora, segundo a Emater, o desenvolvimento da soja tem sido beneficiado por predomínio do sol e adequada umidade do solo — apesar de alguns pontos de preocupação por conta de picos de temperatura elevada.
Levantamento da entidade, divulgado ontem, indica 38% das lavouras no Estado em fase de enchimento de grãos. É o tempo em fevereiro, que promete ser mais amigável à agricultura gaúcha, que irá determinar o tamanho da nossa safra.