O maior embalo para a movimentação recorde do porto de Rio Grande, no sul do Estado, veio dos embarques do complexo soja, que respondeu por quase 40% das 42,9 milhões de toneladas exportadas no ano passado, volume 4,3% maior do que o de 2017. Somados óleo, farelo e grão, foram 16,33 milhões de toneladas, quantia que supera em 8,8% a do ano anterior. A China foi o principal destino do produto embarcado por aqui.
— O porto é o reflexo da produção gaúcha. Esses números são o espelho de uma produção que ocorre nos mais variados municípios — observa o superintendente Fernando Estima.
O que fez a soja bombar, mais do que de costume, foi um conjunto de fatores. A disputa comercial entre China e Estados Unidos é um deles. Na guerra de sobretaxas anunciadas pelas duas potências, o país asiático carregou ainda mais a mão na demanda pelo grão brasileiro. O resultado do aumento na procura pelo produto do Brasil foi a elevação dos prêmios de exportação, o que ajudou a valorizar a produção nacional.
— Prêmios mais altos estimulam sempre. Mas houve ainda safra boa e câmbio alto ao longo do ano — acrescenta Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul, com relação as razões para o resultado obtido.
Outro destaque do setor agropecuário foi o embarque de bovinos vivos. Neste caso, o que chama a atenção é o tamanho do crescimento: o volume cresceu 78,8% ao longo de 2018 na comparação com o ano de 2017, somando 152 mil animais.
Todos os exemplares tiveram como destino a Turquia – com o fluxo e os preços acompanhando a cadência da economia turca. Apesar de desagradar a indústria local e de estar no centro de polêmica sobre bem-estar animal – com embarque suspenso em Santos, em decisão posteriormente revertida –, a venda de gado em pé ajudou a equilibrar as contas de pecuaristas.
É que dentro de casa os preços estavam desvalorizados, corroendo a renda. Luz acrescenta que os números reforçam a importância de estar com a manutenção do porto em dia.