Para conseguir reajustar o preço do almoço após a disparada da carne bovina e sem espantar a clientela, um restaurante de Porto Alegre implementou outros mimos para os consumidores. No início da semana, o Empório Santa Fé, que fica no bairro Jardim Botânico, mandou uma mensagens pelo WhatsApp aos clientes, informando que teria de aumentar em 9% o valor da refeição, mas que colocaria um bufê de sobremesas e serviria café de cortesia.
O dono, Endrigo Pinotti, conta que estava há três anos sem reajustar os preços. Agora, o aumento teve de ser amplicado tanto no bufê a quilo quanto no livre. E, no final da mensagem, enfatiza que segue sem cobrar a taxa de serviço, que costuma ser de 10% nos restaurantes.
— Eu teria que aumentar ainda mais, mas não tem como. Para que o cliente não sinta o aumento, coloquei sobremesa e café — comenta ele.
A coluna começou a avisar há três semanas que o custo da carne bovina estava subindo e que teria impacto no consumidor. Só que os supermercados perceberam aumentos ainda superiores do que o previsto inicialmente. Alguns cortes ficaram 60% mais caros, segundo o diretor da AGAS Jovem, braço da Associação Gaúcha de Supermercados, Bruno Lang.
— E os preços não estagnaram ainda. Estão aumentando. Lembra do tempo da inflação, né? É tipo isso, tu vai no supermercado na segunda-feira, comprar carne a um preço. Na terça, já pode ser outro — compara Lang.
O motivo para a alta é a redução da oferta de carne. As exportações estão batendo recorde. Em especial, para a China, que aumentou também a compra de carne de frango. Há ainda um fator local contribuindo para o aumento de preços, já que as enchentes na região da Campanha dificultaram a retirada do gado do campo.
Há quem diga que o preço pode cair em janeiro, passada a demanda alta das festas de final de ano. Mas também muitos dizem que com a exportação no patamar atual, não há espaços para reduções significativas.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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