O preço da carne bovina está subindo mais e o alerta vem dos supermercados. Houve um segundo reajuste só nesta semana, aplicado por frigoríficos, segundo o diretor da Associação Gaúcha de Supermercados, Bruno Lang. Representante da AGAS Jovem, ele conta que os cortes estão com alta de R$ 2 a R$ 5 por quilo desde segunda.
— Estou estocando alguns cortes que consigo vender congelados. Lembrando que quinta-feira é o dia em que os comerciantes fazem pedidos maiores de carnes para durar todo o final de semana. Estamos todos preocupados. Até R$ 0,50 fazem muita diferença.
Segundo a AGAS, o repasse não está sendo feito na sua totalidade porque o consumidor passa a comprar menos. Essa migração para outros produtos sempre é destacada pelo presidente da entidade, Antônio Cesa Longo, quando há altas significativas de preços. A costela, por exemplo, teve aumento de 30% nos frigoríficos, segundo relatos feitos para a coluna. No entanto, o repasse para o consumidor tem ficado em 20%.
O problema não se restringe ao Rio Grande do Sul. Uma rede de supermercados de Belém, no Pará, colocou cartazes nas lojas dizendo que já usou todo o gado que tinha para abater nas fazendas próprias e sugeriu "substituir a carne bovina por outro tipo de alimento" porqueo produto estava em falta. No entanto, a AGAS descarta desabatecimento no Rio Grande do Sul.
— São diversos "Brasis" dentro do país. Lá no Pará, a situação é bem mais difícil.
A última pesquisa da entidade, chamada de Cesta AGAS, identificou alta média em quatro dos cinco cortes pesquisados. Só não houve aumento na paleta.
A coluna tinha avisado há mais de duas semanas de que o custo da carne bovina estava subindo e que teria impacto no consumidor. Só que os supermercados perceberam aumentos ainda superiores do que o previsto inicialmente. Alguns cortes ficaram 60% mais caros.
O motivo para a alta é a redução da oferta de carne. As exportações estão batendo recorde. Em especial, para a China, que aumentou também a compra de carne de frango. Há ainda um fator local contribuindo para o aumento de preços, já que as enchentes na região da Campanha dificultaram a retirada do gado do campo.
Aliás, até a inflação já sentiu o aumento no preço da carne. Foi um dos itens que provocaram alta no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) divulgado pelo IBGE. Na média nacional, o aumento foi de 3,08% nos últimos 30 dias, mas deve aparecer com mais intensidade nos próximos levantamentos.
E o valor da carne não deve retornar ao patamar anterior, de acordo com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. O que também contribuiu para o aumento, segundo a ministra, foi a falta de reajuste nos preços nos últimos três anos. As declarações foram feitas em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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