Estou na finaleira de uma obra de casa e, portanto, tirando tempo da cartola para comprar os materiais finais da construção. Recentemente, passei sete horas em lojas em uma jornada que eu imaginava que levaria nem metade disso. Além de escolher formatos, cores, estampas, os preços são essenciais para bater o martelo, claro. E a diferença, pessoal? Chega a 40% no mesmo produto, da mesma marca e em lojas do mesmo bairro!
Nesta semana, recebi para uma entrevista o presidente de uma das lojas que visitei e, curioso com minha experiência, me perguntou como fui atendida nos locais e se eu havia comprado na rede dele. Contei que não, que tinha sido bem atendida, mas o motivo foi o preço. Não era a mais cara entre as cinco lojas que pesquisei, mas não era a mais barata também. Ele me disse que tinha que negociar. Foi aí que respondi:
— Avaliei que não valeria a pena naquela situação.
E aí, comecei a refletir. Afinal, negociar é sempre - e continuará sendo - uma dica que dou aos leitores e ouvintes nas minhas abordagens sobre finanças pessoais. Mas, então, até onde vai minha paciência para negociar preço?
Veja essa situação que estou contando. As diferenças de preços ficavam entre 20% e 40%. Olhando a prateleira, pesquisei no e-commerce das outras lojas das redondenzas. Até comentei com os vendedores, mas ouvi:
— Tranquilo. Mas voltem aqui depois com o preço da outra loja que a gente tenta cobrir.
Pensei:
"Tenta? Cobrir? Mas eu deixei as crianças com meus pais, estou com saudade delas, preciso fazer o jantar, arrumar a mochila da escola, quero ver um seriado com meu marido para relaxar, preciso vencer os 700 e-mails diários, meu celular tem tanta mensagem que parece ter sido colocado em um outdoor. Não, vou lá e, se o preço estiver melhor mesmo na loja física, fecho a compra e corro para casa."
Mas só pensei, porque estava com pressa. No fim, apenas agradecia os vendedores das lojas e ia embora.
Pesquisar preços ainda é algo sagrado. Mas vi que algumas situações me fazem já relativizar a negociação. Afinal, meu tempo - e paciência - dedicado a isso também tem valor.
Minha provocação para o lojista é se ainda vale a ideia antiga de colocar o preço lá em cima e ter uma margem enorme para negociar, caso o cliente demande. A venda não acaba sendo perdida nestas épocas de consumidores sem tempo e com ferramentas de pesquisa na palma da mão?
Sem contar que, neste caso, eu queria comprar em loja física e não pela internet, o que ampliaria ainda mais a concorrência. Sou uma consumidora online sim, mas para os materiais de construção queria ter um vendedor de carne e osso para tratar caso houvesse algum problema. Não estava disposta a reclamar do azulejo quebrado para um chat bot, ferramenta que lojas online tem usado em que o sistema simula uma pessoa atendendo o cliente e que ainda estão precisando evoluir muito para fazerem um bom atendimento.
Sobre minhas experiências de consumo, leia também: Fiquei com pena de mim, como consumidora