Já está claro que, dentre as dificuldades de toda ordem e do ponto de vista desportivo, Grêmio e Inter elegeram o principal problema na retomada após a catástrofe. É a perda do fator local. A ordem é minimizá-la como der.
Com Beira-Rio e Arena lotados, seriam favoritaços diante de The Strongest e Belgrano. Agora, não. Tanto que a luta da logística é para jogar sempre o mais perto possível do RS — ou até dentro, em Caxias do Sul.
A respeito disso, surgiu-me uma dúvida. Qual será o público desses jogos? Será duro colorados e gremistas se deslocarem até Curitiba, no caso do Grêmio na Libertadores, e Arena Barueri, em São Paulo, onde o Inter jogará pela Sul-Americana.
Renato pensou nos gaúchos que fincaram estandarte em Paraná, Santa Catarina e até no Planalto Central. Imagino que haverá mais gremistas no Couto Pereira do que colorados em Barueri, por essa condição geográfica.
Mas há outro fenômeno que pode ajudar. O público local, mesmo que não lote seus estádios, pode comprar ingresso não apenas para apoiar o clube brasileiro, mas para ser solidário.
A motivação extra nos jogos da Dupla fora de Porto Alegre
É difícil saber em que medida isso se dará, mas pode ocorrer. O torcedor de fora pensará: "vou lá ajudar os gaúchos: o que eles passaram lá não existe". Então teríamos pessoas emprestando voz e entusiasmo a Grêmio e Inter em nome da reconstrução do Estado, numa espécie de abraço futebolístico anônimo na linguagem da bola. Uma forma singela de ajudar, como tantas que vimos brotando de todos os cantos do país.
Seria um fator de motivação extra para os jogadores. Quem sabe essa torcida solidária não dá um sopro da vitalidade perdida na retomada sem Arena e Beira-Rio?